2006/12/27

Tudo o que o Pacifico oferece em Puerto Montt.



Em Puerto Montt, no Chile, o negócio é o mercado Angelmo. Frutos do mar de todos os tipos que você nunca experimentou.



Se você, como nós, gosta de salmão, seja bem-vindo.



Angelmo.





Vista do vulcão Osorno parcialmente encoberto.



Meu amigo Zé vive em Florianópolis, mas muito antes disso já colecionava informações importantes sobre o mar & a vida nele. Um dia me explicou que a melhor maneira de se preparar um peixe é não o preparando. Ele já vem pronto para ser degustado. Só fui entender isso algum tempo depois daquela anchova suculenta que me ofereceu em seu minúsculo mas aconchegante lar na ilha catarinense. Em Puerto Montt, senti o verdadeiro gosto do salmão, roubado do prato da Lu, num minúsculo restaurante escondido numa quebrada dentro do mercado Angelmo.

Tudo começara naquela manhã chuvosa em Pucón, quando sair da barraca depois de um sono de apenas 5 horas que coroava uma sessão de relaxamento em termas soníferas foi uma das tarefas mais difíceis de toda a viagem. Dentro do ônibus, sacamos as capas e calças de chuva ensopadas e as ensacamos num saco plástico preto. Em poucos minutos, a Lu voltou a dormir como não tivesse saído da barraca, enquanto fiquei com os olhos estalados em busca de uma última visão do Villarrica, que infelizmente estava escondido atrás de pesadas nuvens de chuva. Contentei-me em apreciar algumas breves visões do lago Villarrica e da cidade de mesmo nome, onde dez anos atrás eu acampara. Procurei em vão algo que se parecesse com o camping por onde passara e acabei cochilando um pouco, deixando Pucón e todo o esquema das moradas flamejantes dos antepassados para trás.

Quando nos aproximávamos de Osorno e Puerto Varas, acordei a Lu na esperança de que conseguíssemos ver algum outro vulcão, mas tudo estava muito molhado e chuvoso, de modo que o melhor que se pôde ver foi um pouco da bonita Puerto Varas. Chegando em Puerto Montt, tive a mesma impressão que tivera dez anos antes de uma cidade que devia se parecer muito com o que San Francisco fora no começo do século vinte, ou como as cidades portuárias das baleeeiras da nova Inglaterra deviam se parecer na mesma época. A chuva ajudava a ambientar essa idéia.

2006/12/21

Vulcao Villarrica e outros prazeres Chilenos.






Depois de dois dias agradáveis mas um pouco frustrantes na base do vulcão Lanín, atravessamos a fronteira com o Chile e chegamos num dos pontos mais bonitos e concorridos da região dos lagos: Pucón. Estive nessa cidade em 1996 e naquela época ela me pareceu um pouco turística demais, principalmente em comparação à vizinha Villarica, onde havia acampado à beira do lago de mesmo nome. Hoje, Pucón é um dos pólos mais atraentes para todos os tipos de visitantes, o que não significa que não tenha seu lado rústico, algo que valorizamos muito por aqui. Armamos nossa tenda num camping distante da Calle O' Higgins - o centro vibrante da cidade onde agências de turismo disputam à tapas o privilégio de te levar até a cratera. Descobri que seria impossível e proibido subir o vulcão sem uma agência credenciada e de maneira independente e mesmo lembrando o que o Dubois havia dito sobe outros vulcões da região serem mais baratos para se subir e até passíveis de uma excursão indie com equipamento alugado, resolvemos contratar os serviços de uma das ditas agências para poupar tempo e esforço. O episódio Lanín me fez ver a subida a um vulcão como algo urgente a ser resolvido, e a beleza evidente do Villarrica acabou nos contagiando. Choramos bastante numa das agências até conseguir um pequeno desconto. Pagamos mais ou menos R$ 150 - equipamento incluso - pela ascenção, que aconteceria no dia seguinte, bem cedo. Em seguida, a Lu quis averiguar se as histórias sobre o salmão chileno eram verdadeiras num pub que oferecia a iguaria dentro de um prato do dia de preço bem acessível - $ 2.000. Acontece que naquele momento um erro de conversão financeira nos fez supor que 1 Real valia 250 Pesos chilenos, ou seja, aquele prato de salmão era o mais barato da história. Pouco depois descobrimos que tínhamos gastado a grana como se o Chile fosse uma grande barbada. Na verdade, 1 Real valia aproximadamente 200 Pesos chilenos, elevando repentinamente os preços e limitando bastante nosso orçamento.


Barriga cheia, entramos no supermercado para dar uma olhada nos produtos nacionais e comprar nossa janta e os ingredientes para o lanche que comeríamos no vulcão. Encontrei meu velho conhecido e amado Ají, um molho de pimentão picante de mesmo nome que está em quase todas as mesas chilenas e que cairia muito bem num sanduíche de atum e queijo a 2.800 mts e 10 graus negativos. A Lu ficou particularmente impressionada com a quantidade de chocolates e vinhos de um simples supermercado. Compramos também um outro clássico de viagens mochileiras pelo Chile: um litro e meio de vinho Gato Negro em caixa de papelão longa vida, item que adotamos em todas as nossas excursões na Argentina e Chile devido à relativa boa qualidade destes vinhos e o seu custo muito reduzido. Só deixamos de compra-los quando os locais de ambos os países nos asseguraram que são feitos com o resto do resto de toda a produção vinícola e com muitos conservantes, ou seja, uma heresia na terra dos melhores de nosso continente. De qualquer forma, há quem afirme - eu incluso - que muitos dos vendidos em caixas de papelão nestes países são de qualidade muito superior à maioria dos vinhos brasileiros (e estou falando dos bons vinhos brasileiros mais acessíveis, não de sangue de boi ou dos mais caros).
Jantamos um macarrão argentino feito em nosso potente e agora bem regulado fogareiro e nos deitamos à luz dos reflexos das lavas do vulcão que cintilavam na fumaça sobre seu cume.
Sete da manhã um funcionário da agência nos buscou de carro. O vulcão e todo o céu estavam completamente encobertos e eu achei que a expedição seria cancelada. Enquanto esperávamos pelos outros excursionistas na agência na Calle O'Higgins e experimentávamos os equipos - bota para neve, crampons, capacetes, etc, verifiquei no site do CPTEC que o tempo melhoraria dali a algumas horas. O time se completou com um dinamarquês meio austríaco especialista em café que começara seu giro um ano antes na Guatemala, um casal gay de irlandeses, uma chilena e seu namorado gallego (da Galícia) e outro casal israelense cuja garota um pouco acima do peso e desacostumada à ascenções desistiu da empreitada no meio do caminho. O guia era um sujeito atarracado com fala rápida e um pouco grosseiro que depois se mostrou ser suficientemente buena onda. A trupe se espremeu na van, eu na frente entre o motorista e o dito guia, que foram o caminho inteiro falando seu chileno rápido, supondo que eu não os entendia. Comentavam o acontecimento da tarde anterior, quando um sujeito de 67 anos e alemão tivera um ataque fulminante no coração durante a subida, morrendo a poucos metros da cratera. Também comentaram o acidente mortal de um rapaz, que escorregara por um flanco da montanha se espatifando 300 metros abaixo nas pedras que interrompem a rampa de neve. Quando perguntei quando isso tinha ocorrido eles ficaram surpresos ao descobrirem que eu entendia o sotaque carregado dos chilenos, que cortam os esses, juntam todas as palavras e usam interjeições como ja (iá) e cathcay (sacou?) em profusão, entre outras. Significava que eu entendera todos os comentários sobre as garotas da excursão, inclusive os sobre a brasileira. Pediram desculpas, um pouco envergonhados, e se mostraram a partir dali extremamente solícitos ao responderem minhas perguntas sobre o vulcão. Enquanto nos aproximávamos dele por uma estrada de terra em ascenção e cheia de curvas, o Villarrica foi se revelando entre as brumas que se dissiparam repentinamente assim que chegamos ao pé da montanha. E foi mais ou menos isso que me contaram:

O nome original do Villarrica é Quitralpillán, que na língua dos autóctones significa "morada flamejante dos antepassados". Acredita-se que os mapuches, os bravos guerreiros araucanos da região, possam ter sido os primeiros a subirem as encostas do vulcão. Também pode ser que os espanhóis tenham feito o mesmo, só que por outras razões: estariam atrás do enxofre, abundante neste que é um dos vulcões mais ativos do Chile, e que servia para a pólvora que mataria os já citados guerreiros. Sua última grande erupção foi em 1984. O guia disse que quase todas as registradas ocorreram no final de Novembro/começo de Dezembro, devido a um fenômeno não sustentado cientificamente causado pelo degelo comum dessa época, que lançaria uma quantidade de água na cratera suficiente para atiçar o vulcão. Não preciso nem conversar com meus amigos geólogos para refutar essa idéia, se bem que subir um vulcão ativo com a idéia de que geralmente entra em erupção exatamente na época em que você está subindo pode deixar tudo um pouco mais interessante. Tendo sido um guia de ecoturismo, sei que esse tipo de informação é um condimento potente para alguns que preferem imaginar estarem se lançando em aventuras perigosíssimas. Muitas vezes, os donos das agências instruem os guias a repassarem essas informações, com o devido antídoto, quando necessário, que é assegurar os mais inseguros de que se tudo der errado, há um plano B de fuga eficiente e testado em mãos.

A primeira parte da subida foi a única realmente radical e emocionante: um teleférico do começo do século passado nos levou até o começo de uma rampa de neve. Era uma cadeirinha onde mal cabíamos nós dois, sem barra de proteção frontal e que sacudia como papel ao vento. Brinquei com a Lu, fingindo que tinha soltado acidentalmente a mão do piolet, e isso quase aconteceu de verdade. Depois de descermos dele, começou uma caminhada de 3h e meia até o cume em zigue zague. A neve estava bem solta e não presicamos usar crampons. O grupo se portou bem e logo ultrapassamos alguns dos outros dez ou quinze grupos que subiam o Villarrica naquela manhã. Era tanta gente que por alguns momentos a subida parecia um pouco trivial demais. Essa impressão rapidamente desapareceu na primeeira das três paradas para descanço, quando o panorama me impressionou: víamos os lagos Villarrica e Caburga, as cidades lá embaixo e a fumaça venenosa logo acima das cabeças. Ao chegarmos à cratera, tivemos que achar um ponto vago em sua volta para fotografa-la, como estivessemos num zoológico ou numa visita guiada a um museu cheio de turistas japoneses. Os gases saíam não apenas pela cratera da morada flamejante dos antepassados como também por fissuras na parte sem neve à sua volta. De lá de cima (2847 mts) vimos o Tronador, o Lanín, a cordilheira e muitas outras coisas e lugares exquisitos (no sentido espanhol). A parte mais divertida foi descer o vulcão escorregando pelas encostas sempre com o piolet em mãos pronto para brecar descidas que perdessem o controle. Aproveitamos os caminhos abertos por outras bundas nos dias anteriores e escorregamos nesses tobogãs em grande velocidade, para a infelicidade de nossas bundas que congelaram e ficaram raladas. Chegamos na base do vulcão em pouco mais de uma hora de escorregadas. A Lu se deu muito bem nesse esporte, mostrando talento para atingir grande velocidade em pendentes.

Horas depois partimos para termas um pouco distantes, de onde saímos completamente amolecidos das piscinas com água de 40 graus relaxante e muito pisco sour na cabeça (bebida local) e dormimos na barraca como pedras vulcânicas ainda quentes, até a chuva nos acordar às cinco. Foi um dos momentos mais difíceis dos últimos tempos, já que termas são o melhor remédio para qualquer tipo de insônia e um potente relaxante muscular e nervoso para quem dorme numa barraca depois de subir um vulcão de mais de 2.88 mts. Colocamos roupa de chuva, desarmamos a barraca e arrumamos as mochilas nas costas, prontos para pegar o ônibus das 6h15 para Puerto Montt. Nao havíamos pago o camping, e não conseguimos acordar ninguém na casa que era sua sede. Tivemos que deixar a grana pendurada dentro de um saco plástico na porta de trás e sair correndo para não perder a condução até o santuário sulamericano para quem ama frutos do mar e cia.

2006/12/17

Vulcao Lanín: gradiosidade e frustraçao.

O fabuloso Vulcao Lanín e nossa familiar Araucaria Araucana.

Detalhe de glaciar (serac) do vulcao Lanín.


Lanín visto da barraca.


Lu em praia vulcânica nas cercanias do Lanín.

Saímos de Bariloche com os vulcoes em nossos planos. A primeira parada foi Junin de Los Andes, pequena cidade agradavelmente pequena e sem turistas a poucos quilometros do extinto mas ainda grandioso vulcao Lanín (3.776 mts). Sabíamos que para chegar ao seu cume, precisaríamos de equipamentos caros de se alugar e guias, já que nao tínhamos experiência em ascençoes em rampas com neve dura para tentarmos sozinhos. Depois de conversar com uma garota no escritório do parque, que nos asegurou ser possível chegar aos refúgios em uma das faces do Lanín a mais de 2.000 mts sem crampons, compramos uma passagem para o parque e começamos a nos preparar para a caminhada de 4 ou 5 horas do dia seguinte. Estávamos acampados num camping pitoresco em uma ilha fluvial cercada de montanhas e estepes nos arredores de Junin. Essa cidade é quase completamente mapuche, ou seja, seus habitantes ou sao ou descendem dos autóctones da regiao, um povo guerreiro que atrasou bastante o avanço europeu nos Andes argentinos e chilenos. No dia seguinte, acordamos cedo e tomamos a conduçao, que ia para Pucón no Chile. Descemos um pouco antes da aduana da fronteira entre os dois países, onde começa o parque. Nao éramos os únicos que pretendiam subir o Lanín: um casal espanhol-irlandesa e dois ingleses nos acompanaharam até a sede do parque para o registro. Eles tinham todo o equipo obrigatório para chegar ao cume. Nós nao, e nem era nossa intençao. Acontece que havia nevado muito no vulcao, e o ascesso aos refúgios estava vetado a quem nao tivesse crampons, piolets, aquecedores e walkie-talkies. Fiquei bem frustrado e explodi de raiva, desejando que o vulcao entresse em erupçao ou qualquer outra estupidez parecida. A Lu me acalmou e nos contentamos em acampar na base do vulcao e fazer uma caminhada que acabou sendo tao espetacular quanto uma ascencao. Ela começou em nossa barraca, foi até o lindo lago Tromen e sua praia vulcânica, de onde tivemos uma visao panorâmica da regiao, atravessou uma campina cheia de araucárias e terminou na sede do parque, 4 horas depois. Minha raiva se voltou contra mim mesmo e paguei com um tombo estúpido numa raiz que me deixou a perna dolorida e roxa. Nossas passagens para Pucón no Chile eram para ali a dois dias, mas como nao subiríamos o vulcao nao havia muito mais o ue fazer por ali, por isso esperamos o mesmo ônibus na direcao contrária passar no final da tarde e trocamos as passagens para a manha seguinte. Em seguida, caminhamos até a linha de neve do vulcao, uma caminhada cansativa nos pedregulhos vulcânicos que a Lu detesta tanto (é realmente chato uma subida no meio do scrub, um passo à frente e duas escorregadelas para atrás). O panorama lá em cima valeu o sacrifício. Na volta, descobrimos que a campina bucólica onde tínhamos colocado nossa barraca havia se tornado em uma pequena cidade com a chegada de uma excursao de famílias com adolescentes, professores universitários, donas de casa e empresários de mar Del Plata que subiriam o vulcao no dia seguinte com guias de uma agência careira. Tomamos um vinho, fizemos um macarrao apetitoso em nosso super-potente fogareiro à benzina e depois trocamos impressoes com alguns dos excursionistas. Uma delas, com uns 45 anos, estava muito apreensiva e nervosa com a subida da manha seguinte. Nunca havia subido nem mesmo um morrinho de areia. Isso nos fez pensar sobre todo o comercialismo que vem tomando o montanhismo, às vezes com consequências dramáticas, como já relatado por caras como Krakauer e denunciado por Buhl, Herzog e outros. Nem imaginávamos que dali a alguns dias entraríamos numa excursao guiada para subir o Villarrica, graças a um lobby das agências de turismo chilenas que proibiu ascencoes independentes na maioria dos grandes vulcoes da regiao dos lagos do Chile.

Você pode assistir a um video de nossa subida ao Villarrica aqui:


2006/12/16

Aconcagua e muito mais

Tem sido dificil achar um teclado que eu possa configurar para o Portugues, e este no qual escrevo eh o caso. Leia e imagine a pontuacao. E tambem nao consegui achar qui em Mendoza, Argentina, um Cyber cafe que tenha computadores com entrada USB compativel com minha camera, o que significa que mais fotos e relatos estarao por aqui daqui a uns dois dias, quando estivermos em Buenos Aires.
Muita coisa desde o ultimo post. De Bariloche, fomos para Junin De Los Andes, uma pacata cidade indigena que tenta preservar as tradicoes dos Mapuches, os habitantes originais da regiao. De la, nos mandamos para o Parque Nacional Vulcao Lanin, na fronteira com o Chile. No escritorio do parque em Junin, uma atendente simpatica nos garantiu que poderiamos chegar nos refugios do vulcao caminhando sem problemas, mas ao descermos dop onibus no parque e conversarmos com um guarda, constatamos que a grande quantidade de neve nas rampas e no vulcao como um todo impossibilitava qualquer subida sem crampons e piolets. O aluguel desses apetrechos em Junin estava muito caro e por isso nos contentamos em acampar na base do vulcao, um dos mais bonitos da America do Sul, e caminhar ate a linha de neve e ao redor dele. De la, atravessamos a fronteira e paramos em Pucon, no Chile, onde minha frustracao falou alto e nos fez pagar por uma excursao para subir o vulcao Villarrica, com todo o equipamento incluido. Ha anos, eu e meu camarada Andre demos uma subida no vulcao mas desistimos bem antes da cratera por termos seguido por uma rota completamente ingreme e impraticavel. naquela epoca - 1996 - era possivel subi-lo sozinho. Hoje, isso seria impossivel. As agencias de ecoturismo conseguiram atraves de um lobby proibir ascencoes independentes. De qualquer forma, chegar na cratera depois de uma caminhada de 3h30 na neve e gelo e observar a fumaca de um vulcao ativo de perto valeu muito a pena, mesmo pelo preco e com o grande numero de pessoas em nossa expedicao. O mais legal foi desce-lo escorregando na neve.
Em seguida, fomos a Puerto Montt, onde a Lu enlouqueceu com tanto salmao bom e barato. De la, cruzamos para Chiloe para tentar pegar em Quellon, na extremidade sul da ilha, um cargueiro que nos levasse a Carretera Austral. Mas o cargueiro estava lotado e o proximo demoraria uns 5 dias pra chegar, entao fomos direto para Santiago de Chile, onde a Lu entrou novamente num frenesi por caua dos salmoes. Ela cozinhou um na cozinha do albergue onde ficamos que vai ficar para sempre na memoria. Tivemos a sorte e chegar na capital bem quando Pinochet morreu, o que significa que tenho imagens historicas de manifestacoes pro e contra o ex ditador. Um dia depois, cruzamos novamente a fronteira ate Mendoza, e daqui para o Aconcagua. Ficamos num refugio na base da montanha e caminhamos ate uns 3.800 mts, ate o ponto permitido sem licenca para caminhar no parque. Inicialmente tinhamos pensado em caminhar ate a Plaza Francia, 4.500 mts, mas nao se pode fazer isso sem um permiso de 30 dolares por cabeca. E como estamos em contencao de despesas, decidimos nos contentar com uma caminhada pelas beiradas do parque, que nao foi menos espetacular. Depois contarei detalhes. Depois voltamos para Mendoza, capital do vinho. Hoje, visitaremos algumas vinicolas e a noite partimos para Buenos Aires. Ate mais.

2006/12/03

Alguns Extras.

Lu com Señor Albert - 92 anos, dono de uma montanha (Cerro Goye), de um camping (Camping Goye) e morador de um dos lugares mis legais por onde passamos até agora - a Colonia Suiza, em Bariloche.
Lu no camping Goye: isso é o que dá quatro dias na poeira da montanha patagônica, sem banho e com frio.

Cerro Catedral e Refugio Frey - Beleza Tosca

Esse sou eu - Cassiano - no Cerro Lopez. Foi o primeiro contato direto da Lu com a neve, mas ela se comportou como tivesse crescido nela. Isso foi antes de caminharmos até o Refúgio Frey e encontrarmos aquele lugar especial na Colonia Suiza. Subimos numa caminhada de 3h até o Refúgio Lopez, descemos a parte com neve escorregando (surfe na neve com botas) e começamos uma série de ascençoes diárias às montanhas que nos fez tirar esse Domingo pra descanso.

Um dia depois, carregamos as mochilas com comida, fogareiro e muita roupa para frio e fizemos a caminhada de 4h até o Refúgio Frey onde instalamos nossa barraca acima das outras - uma boa idéia do ponto de vista panorâmico mas talvez nem tao boa no ponto de vista vento patagônico. Concordamos que o Cerro Catedral é um dos lugares mais bonitos que conhecemos em nossas vidas. Ficamos um pouco frustrados por ver tantas vias de escalada, muitas bem fáceis apesar de extensas, e nao podermos escala-las por falta de equipamento e experiência. Para compensar, subimos até a base de algumas das agulhas de rocha que compoem o Cerro Catedral. Chegamos até o cume de uma delas depois de uma leve escalaminhada que incluiu essa travessia na neve abaixo. A Lu guiou (solando).

Lu posando à frente das agulhas gigantes do Cerro Catedral, abaixo:
Fim de dia (21h30) visto de nossa barraca. A agulha que subimos é a primeira mais alta à esquerda do catedral (a agulha mais alta).

Planejávamos caminhar do Refúgio Frey até o San Martin, mas a idéia foi deixada de lado quando descobrimos que a neve estava alta e empapada até lá, além de termos que subir e descer dois colos de neve bem altos e íngremes para chegar lá, sem crampons ou equipamento. Poucos dias antes, um sujeito escorregou 200 mts tentando fazer a travessia e foi parar no hospital. Um dos caras que trabalha no refúgio era bem legal - o Negro - e se parecia com o escalador curitibano Bonga. Ele conhecia muita gente de Curitiba, inclusive a Roberta. Também encontramos por lá o Nicolau, um escalador carioca que ficaria no Frey indefinidamente. Quem sabe, encontraremos o figura de novo na volta de nosso recorrido pelo Chile.

As noites no Frey foram impressionantes. O frio era tao grande e o vento tao violento que logo depois de jantarmos perto da barraca ao pôr do sol, entrávamos nela e nos alojávamos nos sacos de dormir. No meio das duas noites que passamos acampados lá, eu acordava para ir no banheiro e ficava impressionado com a vista incrível das neves e os picos iluminados por uma lua quase cheia. Isso durava 1 minuto, tempo de tirar água do joelho e voltar para a barraca.

Neve, Suor e Panoramas Extraños

Cassim no Cerro Goye - Colonia Suiza - Bariloche

Cerro Lopez visto do Cerro Goye


Cerro Catedral




Esse é Señor Albert. Filho de suíços, é um dos representantes da Colonia Suiza, lugar nao tao conhecido em Bariloche. Uma vila afastada na regiao metropolitana da cidade, é um sítio calmo, com ar interiorano. Tivemos a sorte de parar no camping deste homem, dono de uma montanha - o Cerro Goye, que é pouco frequentado pelas trilhas mal sinalizadas e subidas muy íngremes em terreno instável. Chegamos ao cume cansados depois de três horas e fomos brindados com uma das vistas panorâmicas mais deslumbrantes da regiao.
As fotos acima mostram o Cerro Goye e a visao que se tem de seu cume, que inclui o Cerro Catedral, o lago Nahuel Huapi e muito mais.

2006/11/28

Enfim Patagonia


Vento cortante e frio que chega como um vagao de trem, paisagens dramáticas do verde das coníferas, dos arrayanes - árvores com troncos bem vermelhos - e da neve nos picos andinos, que esse ano tardam em derreter por causa de um inverno muito bom para quem esquiou e fez snowboard, mas um tanto inconveniente para quem quer agora nesse fim de primavera caminhar nas montanhas, como nós. Um céu azul forte, que queima os rostos e esquenta os ossos até as nuvens pesadas esconderem o sol. Estamos na Patagonia, na badalada e especial Bariloche. Chegamos hoje às 11h. Depois de nos instalarmos numa pousada no centro, levantamos informacoes sobre as trilhas no parque e os refúgios no Club Andino e fizemos o Circuito Chico, uma caminhada leve que passa por lagos com vistas bonitas para as montanhas. Na Quarta caminharemos com pernoite perto dos refúgios. Nao dá pra ir muito longe: a neve nao deixa. O fumacê dos vulcoes também esta nos chamando atencao. Talvez atravessaremos a fronteira para caminhar em volta do Puyehue, um belo vulcao do lado chileno.
Voltando um pouco no tempo: a viagem de Buenos Aires para Bariloche de ônibus (21h) foi pouco cansativa. Também, pegamos os assentos panorâmicos no segundo andar, bem na frente do carro. Durante a monótona porcao do pampa argentino, quando parece que você roda e roda mas parece que nao saiu do lugar porque é tudo igual, ficamos impressionados com a quantidade de pássaros brincando de dar rasante na frente do ônibus - talvez seu esporte radical - e os bois pastando e me deixando com água na boca (aqui voltei ao modo carnívoro com forca total, comi carnes maravilhosas, nao dá para escapar, a carne é excelente). Um pássaro grande nao identificado deu de cara com o para brisa a meio metro de nossos rostos, quase nos matando de susto. Ele nao sobreviveu.

Primeiro vídeo patagônico da temporada:


2006/11/25

La Boca e outras.



Tenho que concordar com meu amigo Torrone. La Boca é mesmo o bairro mais fake de Buenos Aires. Viemos caminhando de San Telmo por umas quebradas pontuadas por sujeira, pobreza e uns sujeitos estranhos de olho na minha câmera até entao pendurada no pescoço. Essa meia hora de caminhada foi um dos pontos altos de nossa estadia. Vimos aquilo que a maioria dos visitantes nao querem nem saber da existência: a verdadeira face de uma cidade grande. Pessoas relaxadas num Sábado de manha tomando cervejas nos bares, senhoras fazendo fila nos mercadinhos abarrotados de produtos de terceira (alguns de primeira, como tomates bem vermelhos), crianças brincando na rua, pivetes mal encarados aqui e ali, cheiro de frago assado saindo pelos cantos e portas e janelas. De repente, tudo isso mudou. Havíamos chegado na La Boca dos ônibus de turismo, das excursoes que fazem fila para tirar foto fazendo pose com dançarinos de tango visivelmente de saco cheio, dos restaurantes caros e das atraçoes fabricadas pra gringo ver. Apesar disso, o colorido das casas cai bem aos olhos e a regiao portuária é bem interessante. Se eu gostasse de futebol, teria ficado emocionado por estar na terra do Boca Juniors, maradona & cia, mas isso nao aconteceu. A Lu quis fotografar uns senhores jogando dado e eles pediram uma moeda para isso (de uma maneira bem veemente).

A Lu me autorizou a contar uma história que se passou em nosso segundo dia aqui. Estávamos caminhando na Costanera Sur, um parque à beira do rio. Animados com a cerveja local Quilmes, nao hesitamos muito em pagar 10 Pesos por uma garrafa (o preço no mercado é $ 3) de um vendedor ambulante oportunista para saciar nosso desejo. Sentamos num passeio à entrada da reserva e tomamos alguns goles da garrafa, envolta num plástico preto (dizem os locais que pega mal beber ao ar livre por aqui, por isso todo mundo continua bebendo, mas esconde o casco em bolsas de plástico). Depois de três goles, Lu se sentiu levemente desarranjada. Nao é fácil manter a regularidade intestinal numa viagem de 31 horas de ônibus, e ela só voltou ao seu ciclo normal naquele momento, de modo que nao conseguiria adiar (ela nao pode se dar a esse luxo). Mas nao avistamos banheiros por ali. Por isso, entramos no mato perto da entrada do parque, um lugar cheio de lixo, lagartos e muitos mosquitos. Por sorte, tínhamos P. Higiênico à mao. Foi tudo bem rápido e limpo, usamos nossos conhecimentos mateiros para nao deixar vestígios. O problema é que os mosquitos e pernilongos nos atacaram e nos preocupamos um pouco com aquela história da cidade ter se mudado de San Telmo, ali perto, para mais ao norte por causa de focos de febre amarela. Ficamos calmos quando nos certificamos que isso aconteceu há mais de 100 anos e que nao corríamos mais perigo. O pior foi descobrir um banheiro limpo dentro do parque. Coisas da vida.
Hoje caminhamos muito, como de costume, e eu tive que comer um bife de Chorizo inesquecível. Por sugestao do já citado Torrone, fiz um revival gótico no cemitério da Recoleta (foto acima), onde Evita Perón e outros dignatários estao enterrados. Falei com meus novos amigos músicos do Los Alamos, mas nao nos animamos em conhecer os muquifos roqueros daqui nessa noite de Sábado. Estamos cansados e amanha nos mandamos para Bariloche. O video que coloquei aqui é apenas um teste, uma gravaçao tosca feita no café Tortoni, lugar outrora frequentado por JL Borges. Agora que estou aprendendo a fazer isso, prometo colocar outros mais elaborados e interessantes.




2006/11/24

Lu e Cassim al Sur



Como quase em todas as minhas viagens, as imagens acabam sendo um problema: ou ficam ruins, como essa do lado (culpa de um equipamento limitado e de falta de paciência com os manuais), ou se perdem para sempre. De qualquer forma, o que vale é a intençao.
Chegamos bem em Buenos Aires na última Quarta, depois de uma viagem cansativa mas muito interessante. É claro que a jovem mae e sua filha de 11 meses sentada ao nosso lado (lindo nome Chiara, menina peruana guapa e simpática) se encantaram com a Lu, e nós acabamos dando uma força para elas quando a mae precisava ir ao banehiro ao a filha queria se divertir um pouco com estranhos. Ir de ônibus de Curitiba a Buenos Aires num ônibus ruim seria péssimo se nao fosse esse tipo de interaçao. Leslie, a mae, casada com um brasileiro, mora em Sorocaba mas estava indo para o Peru via Buenos Aires para passar o fim de ano com a hija. Ela e seu companheiro trabalham em navios de cruzeiro e conheceram o mundo. Leslie nos deu boas idéias de como viajar sem gastar (como dizia aquele filme argentino, "Viajar sin diñero, marinero").
Grande parte da jornada Ctba- Bs As se passa no Brasil, país que nao acaba mais, principalmente no estado do RS, um pampa interminàvel onde todos os postes tem casas de joao de barro.
Chegamos na cidade e depois de umas voltas pelo centro, onde nos instalamos num hotel barato ($ 55, aproximadamente R$ 38 o quarto de casal con baño privativo), limpo e bem localizado, nos mandamos para um show gratuito e ao ar livre no Bs As Design com as bandas Doris e meus novos amigos Los Alamos, uma espécie de folk rock badfôlkico argentino muito bom. Os caras me trataram bem e mostraram conhecimento e respeito pelo Brasil. Grandes shows. Infelizmente, a câmera digital, que na verdade é a câmera de vídeo de meu pai(mal) adaptada para este propósito estava sem bateria e a Lu ainda nao tinha comprado a sua, entao vocês terao que acreditar que o show foi otimo e impressionante, com tintas Neil Young-My Bloody valentine-Bob Dylan, dois multinstrumentistas tocando gaita, bandolin e sanfona e um guitarrista chegado ao reverb. Realmente incrível. Quando me apresentei, levei o tradicional beijo no rosto argentino de todos os integrantes e ouvi deles muitas expectativas sobre seu disco lançado no Brasil por Gui Barrela & Co.
No dia seguinte, caminhamos muito, uma preparaçao para a patagônia talvez, da Costera, uma reserva pantaneira na margem do Rio Del Plata com muitos pássaros. De lá, navegamos pelas ruas de San Telmo e acabamos num bar bem legal chamado El Hipopotamo, onde tomamos Sidra (boa e barata) e comemos tortillas e ensalada (idem). Olha a foto da Lu láem cima. A noite, encontramos nosso amigo local Sebastián, grande figura (literalmente, já que tem 2 metros de altura) e voltamos para San Telmo, onde comemos empanadas e tomamos cervejas e mais cervejas. Sebastián anda trabalhando muito e aproveitou a oportunidade para relaxar e nos explicar uma coisinha ou duas sobre o caráter dessa cidade, uma espécie de lugar em extinçao na América do sul onde ainda se vive com certa segurança e com muita literatura, música e artes em geral democrática (no bom sentido). Apesar de tomarmos uns tragos bem no coraçao de toda a cultura tango, nao vimos nada do tipo. Hoje, sexta, a Lu comprou sua câmera com muito esforço (problemas com cartao de crédito) e pode ser que a qualidade das fotos melhore sensivelmente nos próximios posts. Depois pegamos o Subte (Metrô) até Palermo e caminhamos e caminhamos até há pouco. Tivemos que fazer algumas coisas óbvias, como visitar o café Tortoni (onde o grandessíssimo e um dos prediletos da casa Jorge L. Borges passava um bom tempo) e comer bife de chorizo na Calle Lavalle (eu, claro, a Lu é vegetariana, para o estranhamento geral da naçao argentina) a poucos passos de nosso hotel.
Esse lugar é realmente surpreendente, arquitetura surpreendente, cortes de cabelo que sao um elo perdido entre o cool e o brega, o melhor sorvete do mundo (Fredo, dá-lhe caloria), shows de grupos modernos de tango (só música, sem dança) imperdíveis, uma cultura rock anos luz à frente de grande parte do mundo ocidental e um calor que é quase insuportável.
Como dizia Carlos Tripoli: e até mais!

2006/06/12

Cassim no My Space. Você vai gostar.

Voltei. Ou melhor, meu agente voltou. É por isso que estou aqui de novo. Franz me obrigou a retomar esse espaço, então vou fazer o possível para não aborrecer ninguém com bobagens.

Em abril, gravei algumas de minhas canções em casa de forma tosca & sincera, e elas estão disponíveis para download no MySpace: www.myspace.com/cassimf . As músicas ficaram melhor do que esperava, graças a um software de gravação legal e composições interessantes (ou vice-versa).

São 4 canções no MySpace: This Place Called Feeling - na qual tentei aproximar o soul ao mundo guitarrístico do Flaming Lips; Why Do You Cry Every Morning - composta no melhor espírito Creedence e Capitão Morgan; Maelstrom SOS - soul espacial século 21; e A Minute Ago - My Bloody Valatino. Entende?

Desde minha última postagem, estive produzindo um EP & tentando, ao lado daquele estúpido agente, fechar umas datas na Europa para o segundo semestre - já que tenho uma banda de apoio baseada por lá. Só estou nessa para viajar, mesmo. Por enquanto essa possibilidade é bem pequena, mas pode acontecer. Tudo depende do empenho do E.A. (Estúpido Agente) no sentido de levantar dinheiro para custear passagens, traslados & afins. Um CD com 11 ou 12 músicas ou um pouco menos deve aparecer no começo do segundo semestre. Existe também uma possibilidade de show de lançamento do EP com a banda curitibana Barbária nos próximos meses, em São Paulo e Curitiba.

Os Bad Folks voltaram a ensaiar com nova formação - sai Guto Gevaerd e entra Denis Nunes no baixo (Wandula, Svetlana, Woyzeck, Excelsior e mais). Poucos shows programados por enquanto. A idéia é voltar arrebentando, quando tudo estiver em cima.

Estou lançando uma campanha para que os shows em Curitiba comecem mais cedo. É uma idiotisse e um desrespeito com o público um show começar 1h30 numa noite no meio da semana. Quem acorda cedo pra trabalhar ou vira zumbi ou deixa de ouvir música ao vivo - o que é uma pena, porque está quase provado que a maioria dos bons shows não acontecem no fim de semana. Donos de bares tem me falado que a frequência em noites de roque ao vivo anda baixa. O frio pode ser uma das causas. Contudo, tenho certeza que as pessoas iriam em mais shows se eles começassem mais cedo. Costuma-se acreditar que o culpado é o público, que só sai de casa bem depois da novela das 20h. É um círculo vicioso, que pode ser quebrado com um pouco de esforço mútuo entre músicos, produtores, donos das casas e público.

É isso. Então vai lá escutar minhas músicas e depois volta aqui pra me dizer o que achou.

2006/03/09

Dica do Dia: Fred Neil - ele mudou minha vida

Aí vai uma boa dica, que já serve também como um toque de como se ter uma vida mais digna: FRED NEIL. Você com certeza já escutou "Everybody's Talkin", o maior sucesso desse cantor/compositor/violonista norte-americano (na trilha sonora de Midnight Cowboy e Forrest Gump) interpretada por Harry Nilsson (o melhor amigo de John Lennon). Fred Neil foi um exemplo para Bob Dylan, Tim Buckley e mais da metade dos compositores/músicos com um pé no folk. Sua voz grave combina aspereza e doçura na medida certa. As composições são finas, no melhor sentido do termo. Neil morreu em 2001 relativamente desconhecido por causa de seu desprezo pela auto-promoção. Contudo, suas canções foram interpretadas pelos melhores, e é estimado tanto pela realeza da música popular quanto por ratos de feira de vinil.
Seu disco "Do You Ever Think Of Me" já foi descrito como um álbum perfeito em todos os sentidos.

Escute:
The Dolphins
That's The Bag I'm In
Everybody's Talkin'

Onde:
Nas melhores lojas de cd e vinil
Na Internet
Na programação da Lumen FM (www.lumenfm.com.br)

2006/03/07

Essas aí são as Runaways. Proto-Punk de LA dos 70s. Som de primeira. Sempre cai bem na pista. Elas e muito Glitter & correlatos (Gary Glitter, The Sweet, Glitter Band, The Knack, Kiss, BTO), NY Punk (Richard Hell, Ramones, Dead Boys, NY Dolls e os suspeitos de sempre), New Wave, Post-Punk, Indie moderno e muito mais vão aparecer na pista do James na Quarta da semana que vem (15/03). Eu serei o DJ. As quartas do James já são a melhor oportunidade da semana para se dançar rock em Curitiba. O James fica na Vicente de Machado 894.

FC, meu empresário, vai ficar com uma porcentagem da bilheteria. Vai lá me dar uma força.

2006/02/25


Trago hoje algo sobre o futuro da humanidade - pequenos toques de como maximizar a sobrevida de nossa espécie. Algumas dicas de quem entende muito do assunto vão aparecer por aqui de vez em quando. Quem abre essa sessão é aquele chapa especial e talentoso conhecido como Tom Waits. Ele aconselhou no especial do Milênio da revista Rolling Stone de 30 de Dezembro de 1999:

“(...) Fuja e se junte a um circo. Faça uma tatuagem, viaje clandestinamente num trem. Plante um jardim e guarde as sementes. Case-se, tenha filhos, use um chapéu. Aprenda a se virar com um chicote. Não minta, não engane, não roube. Todos devem por comida na mesa. Dedique-se à unificação da diversidade de todos os seus aspectos. Lembre-se: grande parte do que é essencial é invisível ao olho. A qualidade do tempo que você passa com alguém é de longe mais importante do que a quantidade dele. E há muita coisa que se pode fazer com um pedal wah-wah e um microfone para gaita de boca.”

Em 1998, conversei com um músico morador de rua no metrô de Nova Iorque, um senhor de 72 anos chamado Doctor Minnesota (veja lá: http://www.geocities.com/CollegePark/Hall/3340/cass3.html ). Além de criar versões incríveis com sua guitarra, alimentada por arranjos Chicago Blues para hits das Spice Girls num canto de uma estação, profetizava sobre a música pop. Minnesota me garantiu:

"O esquema é Delay, muito Delay. O eco vai dominar a música do futuro, pode crê. Voz com eco, guitarra com eco, percussão com eco. Pode escrevê aí. Blues com eco. Eco com Eco. Muitas repetições, poucas repetições, vai do gosto de cada um. Eco é sexo. E tem mais: quando Deus fala, o que não falta é eco. Vai por mim."

2006/02/23

Barbária, música e um maldito produtor.

Já foi dito que o bom pirata está em guerra contra o mundo. Seu ímpeto é anárquico, no sentido de se opor a todas as instituições que despersonificam o ser humano e minimizam sua liberdade. Os piratas ideais saberiam instintivamente que esse estado de luta permanente deveria ser mantido a todo custo - o que acontece depois que os revolucionários tomam o poder é óbvio e muito triste, talvez um testemunho definitivo das limitações de nossa espécie.

Nunca pilhei ou participei de atividades que visassem ao butim à todo custo. Mas o destino quis que eu fosse para sempre associado aos irmãos da costa através da alcunha Cassim, que nunca escolhi mas que me caiu bem. Algo bem próximo de Cassim era um nome bem comum entre os piratas de Salé e Argel e de toda a costa norte-africana até o século XIX. Não sei se é só isso. O fato é que meu produtor, FC, me aconselhou a escrever este maldito blog. Ele acha que se eu estiver em contato mais direto e diário com o que chama de "meu público", minhas vendas (seja do que forem) podem aumentar bastante. Ele me assegurou que fará o possível para me fazer escrever aqui com regularidade. Ou seja, no que depender dele, essa instituição virtual chamada blog tem à partir de hoje mais um escravo. Pelo menos FC me deu toda a liberdade para discorrer aqui sobre o que eu bem entendesse. Então eu fico com essa sensação enganosa de ser livre para fazer o que bem entender, e o desgraçado recebe os 40% dele se as vendas aumentarem. O problema é que por enquanto eu não tenho nada pra vender. Nem um disco, nem um livro, nem tecidos finos afanados de um navio veneziano, nada. E nem acho que tenha um "público" com quem ter mais contato. A não ser que você que está lendo aí se qualifique como meu público.

Bem, ele fica com 40%, isso é abusivo. Então enquanto eu não acho uma maneira de declarar guerra contra ele - que é meu amigo, mas você sabe, negócios à parte, como diria Morgan - se não contra o mundo em alto estilo, vou aumentando aqui minha "proximidade" com "meu público".

Então para começar, preciso dizer o que tenho feito ultimamente além de sonhar em rapar embarcações cheias de especiarias e jóias para o benefício dos pobres (eu incluso): considero-me um artista, então eu componho e toco um tipo de rock sul-americano peçonhento com uma banda chamada Barbária e outra menos peçonhenta mas bem mal intencionada conhecida em minha terra natal - Curitiba - como Bad Folks. Além disso, eu escrevo, apesar de não ter publicado nada até agora - você ainda não está preparado para mim ou eu ainda não deixei a preguiça de lado e encarei o fato de que preciso me concentrar para terminar meu estranho romance de não-ficção chamado Cerebelo & Companhia (ou talvez ainda não tenha me tocado que não sou escritor nenhum, só um farsante, como muitos outros por aí, com a diferença de não ter lançado nada ainda enquanto eles ornam suas prateleiras com livros de capas transadas e frases ocas). O dinheiro que paga metade das minhas contas - obviamente eu ganho menos que merecia - vem de meus empregos como programador de música internacional da 99.5 Rádio Lumen FM de Curitiba (escute na net: www.lumenfm.com.br) e de professor de Inglês (estou dando um tempo agora) e de meus bicos como tradutor (ultimamente nem tanto um tradutor literário, como gostaria de ser, mas um de textos técnicos intrincados e de dar dor de cabeça). Ah, e às vezes eu sou Dj também, você pode me contratar para sua festinha de despedida, bar-mitzvah ou seja lá o que for. lembre-se: sempre 40% do que você me der vai para o famigerado FC, então não pechinche. Por favor.

É isso. Logo mais, tenho novidades sobre o futuro da humanidade . Dê uma olhada por aqui depois para ver como lidarei com esse maldito empresário e este espaço infame chamado blog.

Cassim