2009/11/30

2009 - Um ano excelente




Cassim & B no Goiânia Noise. Novembro 2009

Acabo de voltar de Goiânia, onde Cassim & Barbária fechou o ano repleto de shows & acontecimentos da melhor forma possível: com uma apresentação quente na meca da música independente brasileira da atualidade. E de quebra, fiz uma caminhada na região de Pirenópolis com meu grande amigo Ralph Martin, half goiâno half English.

Eu e Ralph na trilha do Abade, Pirenópolis, Goiás.

2009 tem sido agitado pra turma. Começou com uma tour pelos EUA e Canadá, com lançamento de EP no Brasil e lá. Depois vieram shows no Brasil, mais uma tour no Canadá com show no Pop Montreal, apresentações em boa parte dos bons festivais independentes brasileiros como Do Sol em Natal, Calango em Cuiabá, Floripa Noise, e agora Goiânia Noise, e ainda tem o DVD que está pronto e será lançado em breve.

Para ver as fotos dessas viagens:

Cuiabá - http://www.facebook.com/album.php?aid=160090&id=729461476&l=139f6ec9f0

Nordeste:
http://www.facebook.com/album.php?aid=160682&id=729461476&l=12f469108f

No tempo livre, fiz caminhadas nas Blue Ridge Mountains no sul dos EUA, explorei os bayous de New Orleans num overcraft, mergulhei nos parrachos de Maracajaú - Rio Grande do Norte, quebrei o pé em Montreal, andei com a Lu de canoa canadense em Mont Tremblant, Canadá, fui a Urubici, e mais. Também conheci muita gente, ri das piadas sem graça do Zimmer, aprendi um pouco mais de Francês, dei muitas aulas de Inglês, surfei bastante, andei de caiaque bastante e enrolei bastante gente (sem querer) com meu papo magro. Com tudo isso, só faltou ganhar dinheiro.

A programação de 2010 já está se delinhando rapidamente, e dá pra dizer que vai ser um ano de muito trabalho e muita música.

MAIS DE GOIÂNIA

As fotos abaixo refletem bem esse que foi um show especial na décima-quinta edição do Goiânia Noise. Notem a impassividade programada de Amexa, nosso baixista convidado que meteu medo
em muita gente com sua expressão deadpan/mordomo da Família Adams:


Mesmo com parte do público o provocando com caretas, Amexa não deu nenhum sorriso.

Cachorro, nosso novo baterista númro 1 (o Zimmer é o número 2).




Xei, nosso sound tech estrela interncional do Metal fez um trabalho perfeito.


O FESTIVAL

Dirty Projectors deixou a plateia com "a variety of feelings, I hope" (segundo o guitarrista, na segunda música).
ShowzaçoGrim Skunk, do Canadá, com um Black Drawing Chalk.As Mercenárias voltaram!

Cassim e Mini Box Lunar, gande revelação de Macapá!

Claudão (O Melda, MG), Cachorro e Xei
Quinn Caruana (Pop Montreal) e Rodrigo Lariú (Midsummer Madness)

Zimmer triste ao descobrir que sua camiseta exclusiva estava sendo pirateada.




2009/10/31

Cuiabá dos inferno

Chegamos em Cuiabá na Sexta-feira para tocar no Calango, esse festival criado pelo Capilé e o Espaço Cubo, um coletivo exemplar e talvez o mais bem-sucedido do Brasil, que tem até seu próprio cartão de crédito e opera na base da economia solidária. A Sexta foi passada na piscina do hotel, o melhor lugar quando a temperatura em "Hell City" está em torno dos 38 graus. Como quase todos estavam lá, a tarde foi uma festa. Fizemos amizade com os argentinos da Norma, os potiguaras do Calistoga e os gaúchos do Rinoceronte, que fizeram shows legais à noite (com destaque para os argentinos, que tem um som post punk com um pé bem The Clash e outro bem Voidoids). Outro show muito bom na primeira noite do festival foi o dos cearenses do O Garfo (instrumental). Mas quem ganhou a noite foi mesmo o Macaco Bong (que já começou com o jogo ganho). Emocionante o que esses caras fazem no palco, indescritível. Virei fã. Eles habitam as mesmas paragens que o Pelican, com a vantagem de serem não apenas brasileiros, mas também Mato-grossenses, o que certamente dá um tempero único em seu som internacional.

Hoje vou assistir o Proyecto Gomez e amanhã é nossa vez. Mas tentarei fugir pra Chapada dos Guimarães antes.

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Hoje mais tarde:
1 - Perdi o passeio pra Chapada.
2 - Perdi o Proyecto Gomez, mas mesmo assim acredito o que o Alex Antunes disse sobre ele: coisa nova, coisa nova...
3 - Estou apaixonado pelo som e performance dessa banda maravilhosa do Amapá, a Minibox Lunar. Vamos tocar no Goiânia Noise com eles. Vai ser emocionante. As meninas disseram que tem o meu EP Ready há muito tempo e sabem cantar todas as músicas!
4 - Nosso show foi bom, mas cortaram o som no final. Quem tem vídeo e foto dele é o Bruno do PopUp: http://www.popup.mus.br. Eu tive vertigem no meio do show, por causa do calor, misturada com a visão da lua cheia, parecia que eu estava sonhando, tanta gente nos assistindo e a lua amarela lá em cima cagando em mim.
5 - Jonas Sá é o cara. Black Drawing Chalks e Rock and roll. Holger é festa pura. Nevilton é banda gente-fina. Valeu Calango!

MiniBox Lunar. Estupendo!
Gomez. Meu segundo melhor amigo argentino da atualidade (o primeiro é e sempre será o Seba Galvan).
Visões do Pantanal (quadro maneiro que fotografei num restaurante típico de Cuiabá). Fica pra próxima.
Como mudo a posição dessa merda? Zimmer e Xuxu curtindo calor de 38 graus em Cuiabá.

Faust, Chain & The Gang e mais. Pop Montreal parte 2

Cassim & Barbária com Faust. Muletas e bandeiras à parte.

Esse post atropelado é pra resumir o que aconteceu no Canada depois de nosso show no Pop Montreal e de meu pé quebrado.

No dia segunte ao Aids Wolf, Duchess Says & companhia, cheguei atrasado no workshop de improvisação musical do Faust, onde fui recebido pelo Jean-Hervé da banda com muita simpatia. Encontrei o Zimmer, o Amexa e o Xuxu aprendendo um intrincado ritmo na roda de batuqueiros liderada pelo Zappi, baterista da lendária banda alemã/francesa. Acabei integrando a roda e pouco depois, mais de trinta músicos divididos em grupos liderados pelos integrantes do Faust tocaram juntos, num crescendo/decrescendo de música livre muito interessante. Tiramos fotos com eles, muita tietagem e prometemos leva-los para o Brasil em breve. Detalhe: quem está acompanhando hoje o Zappi e o Jean-Hervé é James Johnston, o homem Gallon Drunk, e a linda e talentosa Geraldine Swayne, que infelizmente não estava presente na foto de nosso encontro.



Depois, na conferência do Pop Montreal sobre rock independente mundial ou algo assim, eu e a Lu conhecemos o Fabio Costello, fotógrafo brasileiro que tocava na legal banda carioca Os Hereges, que hoje mora na cidade. Também conhecemos o genial argentino Gomez (ou será Proyecto Gomez o nome deste simpático e criativo portenho cujas ideias musicais se assemelham muito às minhas?) que encontraria aqui em Cuiabá. Fomos comer o melhor croissant de Montreal com o Fabio e em seguida nos juntamos ao resto da banda no outro lado da rua para assistir a um dos melhores shows de minha vida: Faust. O guitarrista era ninguém menos que James Johnston, o homem Gallon Drunk, também integrante dos Bad Seeds do Nick Cave, e que se encaixou perfeitamente na aventura sonora da banda de Jean-Hervé e Zappi, ainda acompanhados pela adorável inglesa multinstrumentista, pintora, poeta e linda Geraldine Swayne.

Johnston durante o workshop

Zappi, Notem o Zimmer e o Amexa concentrados.

Zappi em toda sua forma

jern-Hervé era o chefe da bagunça

Para fechar a noite, fomos ver o Chain and the Gang do incansável Ian Svenonius, ex-Make Up e Weird War, que depois do show me abraçou, beijou as bochechas e fez festa quando lhe disse que era de Curitiba - cidade onde ele tocou com o Make Up há uns 12 anos atrás, e onde todos nós tivemos um good time together. Detalhe: Ian desceu o palco usando um terno branco e veludo, pediu tempo para se trocar e reapareceu na pista com terno vermelho de veludo.



Nos dias que completaram nossa estada em Montreal, fomos no museu, assistimos a Sarah Neufeld do Arcade Fire em show experimental com seus amigos na Casa Del Popolo, comi com o Fabio um sanduíche de carne defumada típico no Schwartz e muito mais. Foram dias incríveis, mas estava na hora de eu e a Lu puxarmos o carro. Então na manhã de Segunda-feira, alugamos um que eu pudesse dirigir com um só pé (automático) e fomos par Quebec City - cidade bonita, mas muito cheia de turistas - e de lá para o ponto alto da viagem - o Mont Tremblant. Sobre isso, Toronto e o show lá, nossos novos amigos e o Thanksgiving em família canadense eu conto depois. Vamos agora pular pra Cuiabá, onde estou.
Sarah Neufeld, Arcade Fire, em Montreal.

2009/10/16

Pop Montreal parte 1

Bequilles, Crutches, Muletas. Aventuras quebradas na cidade poliglota. Foto: Lu.





Perguntaram por que eu não tinha seguro saúde de viagem. Eu tinha. Isso não significou grande coisa, na prática, fora o ressarcimento do valor gasto com meu pé quebrado em Montreal. A dor foi a mesma. Mas eu não deixei o incidente estragar minha aventura canadense. Fui forçado a fazer um tipo de viagem diferente da que estou acostumado. Eu no fundo achava que nem seria tão diferente assim. Munido de um par de muletas ultra-modernas e muy confortáveis, no dia seguinte saí pela cidade com a Lu numa tarde ensolarada, pra cima, sempre pra cima. Ela queria fotografar a vila olímpica, eu, andar numa trilha ao lado da torre para examinar as árvores que mudavam de cor nesse começo de outono. Ao final do dia, agradeci a mim mesmo por ter feito musculação o ano inteiro.


Um trajeto que me tomaria trinta minutos durou uma hora, sem descontar as paradas de descanso, porque os pulsos de alguém a base de muletas são os que mais sofrem. Os braços aguentaram o tranco, mas ficou bem claro no final do dia que eu teria que lidar com um tipo de cansaço físico para qual nenhum academia consegue te preparar. Acabei não conseguindo ir no Butthole Surfers com a Lu. Dizem que foi um dos melhores shows do festival. Tentei não me abater e enquanto ela tirava fotos com sua credencial louca, entornei cervejas canadenses com meus amigos Adeline e Rafael em seu apartamento.

Butthole Surfers. A Lu viu e fotografou.

No dia seguinte, caminhamos pela cidade velha e comemos o famoso rabo de castor (uma espécie de bolinho da chuva). Muitas cervejas e cápsulas de advil mais tarde, encontramos o recém-chegado Amexa, que tocaria baixo conosco em Toronto, mais Xuxu e Zimmer, para assistir alguns shows legais do Pop Montreal. O nosso, duas noites antes, tinha sido muito bom.

No Le National, lugar muito bonito e decente, os locais Aids Wolf mandaram ver com muito noise punk, uma bateria nervosa, um baixo distorcido, teclado e apetrechos insurdecedores e a vocalista Special Deluxe enlouquecendo a multidão. Muito instrutivo. Depois a excelente local Duchess Says - a noite era de mulheres atacadas, e a vocalista não hesitou em surfar a multidão. Mais educativo ainda foi o set de Teenage Jesus and the Jerks, banda que nos anos 70 usou o formato baixo-bateria-guitarra do rock contra ele mesmo, orquestrando a No Wave e pavimentando o caminho para que gente como Thurston Moore e seu Sonic Youth pudesse fazer o que bem entendesse com seus instrumentos. Tanto que até hoje, Lydia Lunch não sabe tocar um acorde sequer em sua guitarra estridente. Foi um tremendo show de atitude e coerência de uma turma que merece muita reverência de qualquer inconformado com o estado das coisas na música pop ocidental. Foi, nas palavras do Zimmer, lindo.



Duchess Says: grande show. Foto da Lu.

Teenage Jesus & The Jerks - instrutivo. Foto Lu.

No dia seguinte, teríamos nosso encontro com o Faust em workshop e show. E também uma sessão de beijos, abraços e boas memórias sobre Curitiba com Ian Svenonious, o homem Make Up/Weird War e Chain & The Gang. Vou ver se Deus está na esquina e já volto.

2009/10/01

Canadá - Outubro 2009 - pé quebrado


Cassim & Barbária versão ultra light (sem a Lu e o Amexa). Estúdio de ensaio, Montreal, 30 de Setembro.

Xuxu tranquilo, eu de pé recém quebrado e Zimmer com pressão baixa (teto preto). Estúdio de ensaio, Montreal, 30 de Setembro de 2009.


XuXu dirigindo o ensaio. Montréal, 30 de Setembro de 2009.





Público Cassim & Barbária em Montréal - 30 Setembro 2009


Nessas horas o pé não doía


Lu e nossos anfitriões, Rafa "Drausio" e Adeline, em Montréal

O ensaio no estúdio de Montréal estava indo muito bem. Bem demais. Nos meus ouvidos apitavam duas chaleiras, que não eram os samples de noise que a Lu estava operando - com muita felicidade por causa de sua eminente estreia nos palcos, e internacional! O volume muito alto me fez aproveitar o intervalo que Zimmer pediu para tomar água. Saí correndo pela rua, procurando uma farmácia que vendesse protetores de ouvido. Duas quadras e nada. Imaginando que XuXu, Zimmer e Lu estivessem impacientes a minha espera, desisti e voltei trotando. Uma mangueira daquelas que chupam merda direto para o caminhão limpa-fossa estava bem no meu caminho. Pisei nela e o pé torceu. Ouvi um estalo seco. Foi feio.

Então a noite de estreia dessa formação light de Cassim & Barbária, que aconteceu no exterior e com minha amada Lu operando os efeitos, foi pra mim dolorosa. Meu pé inchado não servia nem para acionar os pedais de efeito, quanto mais para caminhar pelo bar e fazer contatos. Não que o show não tenha sido ótimo. As trinta pessoas presentes - o bar tinha capacidade para umas 70 - ficaram aparentemente felizes, e nós também. Mas não houve trocas de informações depois disso - que é o que se pode fazer de melhor num festival.

Na manhã seguinte decidi usar meu seguro saúde de viagem e fui de taxi a um hospital na parte norte da cidade. Lu se mandou para a parte velha de Montréal para fotografar (alguém tinha que fazer Gran Turismo). O hospital com o pomposo nome Clinique Medicale Manseunneuve Rosemont era até que organizado e limpinho como era de se esperar, mas a atendente mal falava inglês e não teve muita paciência com meu Francês de péssima categoria. Fui salvo por uma senhora de 82 anos que falava a minha língua (English, of course) e que insisitiu para me fazer companhia. Estava lá para consulta de rotina que lhe daria mais um ano de carteira de motorista ("eu sem carro não sou ninguém, prefiro morrer!") e me contou histórias dolorosas sobre a filha que perdeu para o câncer, a neta que quase morreu num acidente de carro na Austrália, o marido, de quem se separou e que vive em Las Vegas e os tempos solitários em Howard Beach, Rockaway, NYC, vivendo m apês alugados de judeus hassídicos que eram legais com ela o suficiente para deixa-la morar na cobertura pagando preço de primeiro andar.
Até certo ponto, tudo parecia uma grande experiência: entrar em contato com os nativos no hospital da rede pública, onde independente da qualidade do tratamento, qualquer um se sente vulnerável, e ter uma experiência que nenhum visitante quer ter, mas que também pode ser tão pitoresca e informativa quanto visitar os pontos usuais de interesse. Contudo, depois de uma dolorosa espera de 5 horas, vi que as queixas de um Quebecois sobre o sistema público de saúde não são diferentes das que escutamos no Brasil, e isso não é exatamente legal de se constatar. Tinha uma mulher gemendo de dor com o dedo roxo quebrado e aparentemente necrosado que ficou ali gemendo por boas 2 horas até que fosse atendida. Sei bem que em nosso país esse tempo poderia ser considerado ínfimo, mas o sofrimento dela não era algo que se ignora facilmente. A dor era grande e ela teve que esperar sua vez, além de ter que lidar com uma burocraria que eu imaginava não existir mais no dito mundo desenvolvido.
Constatei que o que muda é o grau de descaso e a dramaticidade das situações. Por outro lado, vi como as pessoas aqui realmente são quando o bicho pega, e te digo que eu poderia estar em Antonina, Floripa ou Chapecó. O que muda é o superficial, a língua, os maneirismos, as roupas, a casca. Mas por mais que eu tenha me sentido privilegiado por ver tudo isso, a espera e o resultado de minha consulta foram incrivelmente desagaradáveis. O médico, que parecia o Ron Wood (mesma idade, inteiro de preto, cabelo espetado e mullet a la Rod Stewart & CO.), foi categórico: quebrou o pé, tem que ficar de molho por 6 semanas, nada de museu, caminhada no Mont Tremblant, Mont Royal, nada de mosh no show do Butthole Surfers, sossega. Isso para alguém que esperava aproveitar cada aspecto e segundo de minha viagem ao lado da Lu como se não houvesse amanhã soou como uma ficha pesada caindo no pé. Desculpem a expressão, mas fodeu!
No taxi, a caminho dos meus anfitriões Rafael "Drausio" Hadad e Adeline, arrisquei a língua gálica com certo sucesso (not really) com o motorista haitiano que me mostrou bons sons de sua terra. Cheguei a pensar que o acidente poderia ser visto como uma dádiva disfarçada (exagero otimista), que me faria aproveitar a viagem de uma maneira totalmente diferente da que estou acostumado. Pensei até que seria minha chance de aprender Francês na marra, encostado na casa de meus amigos enquanto a Lu explorava o Canadá. Mas quando ela me veio com a ideia de segui-la por aí com muletas, percebi que não vai ter moleza, e nem deve. Posso estudar Francês em casa. Ver Faust, Chain & The Gang, Yo La Tengo, o Mont Royal, Quebec city vai ter que ser in loco e by crutches.

2009/08/16

O Ruído





Há algumas semanas, comecei a gravar ideias de canções usando uma fórmula interessante, que reduz a instrumentação ao uso de baterias & percussão - no caso, loops de baterias pré-gravadas - e vozes processadas. Consegui criar climas estranhos com várias camadas de vozes, influenciado pela trilha sonora da Dança dos Vampiros, de Roman Polanski, assinada por Krystjoff Komeda. A fórmula também me impede de usar letras que passem de uma ou duas frases, por isso as 5 canções que resultaram da experiência são uma coleção de nananas e shalalalas e Ohhhhhs. Também usei o ruído de funcionamento do computador como um som base para todas elas. Manipulei esse som com alguns plugins, mexendo em sua equalização e o comprimindo, junto com gravações de minha respiração. O efeito ficou surpreendente.

A fórmula acompanha um conjunto de sonhos e fenômenos que tem acontecido comigo e que de certa forma me inspiraram a explorar essa nova estética musical.

Tudo começou com um ruído grave e intenso, muito baixo, mas constante, que poucos aqui no Canto dos Araçás parecem ter notado nas madrugadas. A única pessoa que parece também tê-lo ouvido foi Sonya Colins, quando morava conosco. Ele se manifestou pela primeira vez há cerca de um ano.

O som não é ouvido todas as noites, e geralmente aparece quando o céu está estrelado. Bem, talvez isso seja apenas uma suposição, não há nada que possa provar isso, é apenas uma ideia interessante. O ruído sob o céu estrelado. Esse ruído grave poderia vir de um gerador, ou qualquwer outra máquina que produza algum tipo de frequência sonora, e tem uma variação leve de tom que acontece a cada dois segundos. Nas primeiras vezes me incomodou muito e eu ficava com a impressão de que me machucava o cérebro & os tímpanos. Várias vezes acordei Lu e a fiz prestar atenção, mas ela nunca ouviu nada. Cheguei a pensar que era uma alucinação, ie ainda acho que pode ser, talvez do tipo coletivo, porque Sonya confirmou que às vezes também era molestada pelo ruído.

Com o tempo, aprendi a ignorá-lo quando me convinha, e se isso não era possível, tinha que me levantar e caminhar pela casa para dissipá-lo da mente. Uma noite, vencido pela insônia, fiz um experimento e deitei relaxado, totalmente concentrado no som. Eu andara lendo algo sobre meditação transcendental, e na falta de um mantra (os mantras hoje em dia são muito caros) decidi usar o ruído. Em pouco tempo, suas variações de tom pareceram se fundir com o ritmo de minha respiração, e entrei num estado da consciência que me deixou sereno., ou que me fez acreditar que estava sereno e calmo. Pela primeira, vez, eu parara de tentar descobrir de onde vinha o barulho e porque me atordoava tanto. Então, aquilo que me soava como um tormento se tornou uma espécie de presente.

No começo desse ano, o som cessou. Perguntei a vários moradores se havia um gerador ou uma máquina nas redondezas que trabalhasse à noite, e se também ouviam o ruído grave e constante. Ninguém sabia de gerador ou tinha escutado coisa alguma. Em Maio, ele voltou a soar, e dessa vez, o efeito em mim foi diferente.

Da tranquilidade inicial, o som me guiava através de imagens desconexas que a mente produzia, de rochas, cores, rios caldalosos, charcos e do vento agitando palmeiras. Uma vez, deram lugar a um sonho intenso que provocou minha primeira e única experiência de sonambulismo. Depois de submergir num mar de imagens, emergi em minha cama, com os olhos abertos e o suor correndo pelo corpo apesar do frio da noite. Lu estava acordada e em pé ao meu lado da cama. Ela me olhava fixamente, com os olhos estalados como ovos fritos. Tentei fazê-la se deitar, já que ela é a sonâmbula da família, que levo ao leito ao menos uma vez a cada bimestre. Mas ela continuava firme a me observar, impassível. Nós dois vibrávamos ao som grave do ruído/mm que parecia mais alto, intenso e assustador.

Levantei-me e a puxei para a cama em vão, seu corpo rígido como um soldado de chumbo não saía do lugar. Caminhou calmamente até a porta e a abriu. Segui-a pelo portão de casa, e descemos descalços e com roupas de dormir a rua esburacada e iluminada pela lua crescente até o nível da lagoa, que alcançamos por uma trilha úmida. O ruído ecoava pela natureza e se misturava ao vento.

Lu colocou os pés na lagoa, lembro de ter pensado no frio que deveria estar sentindo, ela que é friorenta & decididamente não gosta de baixas temperaturas. Com os pés aparentemente secos & quentinhos (acho que vi fumaça saindo deles!), seguiu caminhando por cima das águas como um messias. Fui junto, e era uma delícia caminhar sobre elas. A sensação ainda está fresca em minha memória. Era como se andasse nas areias mornas das dunas da Joaquina logo após o pôr do sol num dia de verão. Areias bem finas e suaves.

No meio da lagoa havia uma cortina de brumas e nós a penetramos. Entre as nuvens, apareceu uma grande rocha negra do tamanho de uma casa. Ela saia das águas e arredondada, devia ter uns 5 metros de altura. Eu nunca tinha a visto ali. Estava onde os kite surfers velejam, onde não tem nenhuma pedra, ainda mais daquele tamanho.

Lu tocou a rocha com as duas mãos, e em seguida, enfiou uma delas nas águas abaixo de seus pés. De lá, tirou uma pedra pontuda do tamanho de seu palmo, protuberante como uma ponta de lança. Ela então começou a esfregá-la na rocha, à altura de seus olhos, num movimento horizontal. A cada passada da ponta de lança na pedra, o ruído grave ficava mais intenso, meus ouvidos começaram a doer e eu pedi para que parasse. Mas ela prosseguiu, até o ruído se tornar insuportavelmente intenso. Eu gritei de dor, sentindo meus miolos explodindo dentro do crânio. Apertei os olhos, que pareciam fritar nas órbitas.

Em seguida me vi na sacada de casa, sozinho. Entendi que parara ali numa crise de sonambulismo. Fui até o quarto e encontrei Lu dormindo tranquila. Eu tivera um sonho itão ntenso que minha mandíbula tinha se deslocado. Na cozinha, mastiguei um pedaço de pão para colocá-la no lugar, truque que aprendi com a prática. Funcionou. O ruído havia desaparecido por completo. Eram quatro e meia da manhã. Não consegui dormir até o sol nascer.

No dia seguinte, fiquei obcecado com a ideia de tentar reproduzir aquele som numa gravação, mas também em entender o que era aquilo. Não havia explicações plausíveis para o ruído, mas quando você cresce lendo livros de ficção científica ou esperando ter um dia experiências sobrenaturais, fica fácil acreditar que algo importante está operando a máquina e puxando as linhas da marionete.

Tentei gravar o ruído em vão, ele não tem volume o suficiente e sua frequência é baixa demais para ser registrado por equipamentos ruins, que é o que eu tenho aqui à minha disposição. O melhor que pude fazer foi tentar reproduzi-lo, e disso nasceu a ideia de criar uma estética sonora que traduzisse as sensações que ele me desperta.

Há alguns dias li que outras pessoas no mundo todo são atormentadas por sons graves intensos e que elas não são capazes de descobrir de onde vêm. Eu mesmo já desliguei a geladeira e todos os eletrodomésticos da casa sem conseguir parar o ruído. O artigo dizia que às vezes, uma máquina de lavar roupas à uma boa distância pode ser a culpada. Ou um gerador de eletricidade, ou algo do tipo. Lembro bem de uma máquina de lavar de minha avó que deixaria muitas bandas de noise com inveja.

Deve haver uma explicação para esse som, uma bem óbvia. Mas quando começa, ele parece soar na cidade, na natureza, e principalmente, dentro de mim. E eu não estou exagerando quando digo isso.

Pode até ser uma torradeira, mas isso realmente não importa. Meu foco é o que esse ruído grave me causa.

Algum tempo depois de minha crise de sonambulismo, eu simplesmente parei de prestar atenção. Havia me concentrado nas canções sendo criadas e no trabalho, e cansado à noite, embalado por duas ou mais taças de vinho vagabundo, talvez tenha o bloqueado, de alguma forma.

***

Numa manhã ensolarada, tomei a trilha para a costa da lagoa para me exercitar e principalmente aproveitar o fato de viver aqui, e caminhei por 45 minutos entre a água esverdeada e o céu azul. Parei num ponto alto no final de um promotório, afastado das casas da vila adiante para tirar fotos e acabei descobrindo um caminho até a beira da laguna. Desci por ela e a poucos metros de seu fim, na água, topei com uma rocha parecida com a de meu sonho, grudada na encosta que se despencava lá embaixo.

Eu me aproximei e achei ter visto claramente numa parte alta e de difícil acesso três inscrições que pareciam ser rupestres, horizontais e paralelas. Em meu sonho, a Lu tinha começado a fazer um dos riscos. Pasmo, tentei me aproximar, agarrando-me às pedras que se projetavam, encaixadas no colo da formação, com o risco de cair na água, dois metros abaixo. Mas um mato espesso bloqueava a passagem até a base da pequena parede.

Foi então que ouvi o som grave e intenso. Meu coração disparou. Será que o ruído era um veículo que estava me levando a outra realidade, inatingível pela maioria dos mortais? uma conexão direta com os povos que viveram nessas praias há 3.000 anos e que deixaram por aqui tantos vestígios? extraterestres? Deuses indígenas? Satã?

Um barco da associação dos moradores passou, o motor emitindo as frequências graves e intensas. E com o zoom de minha câmera, vi que as inscrições eram manchas próprias da textura da pedra.

2009/08/09

Abraçando Árvores

Lu, Cassim e Caio em nosso santuário, o Canal.

Vivo literalmente entre macacos-prego, aracuãs, mais gralhas azuis que eu veria em toda minha vida em Curitiba, tucanos, maritacas e toda uma sorte de bichos. O Valagão, nossa rua na encosta do canto dos araçás na Lagoa da Conceição, é a fronteira entre a parte urbana da laguna e os morros cobertos de mata atlântica em regeneração. Muitos compreendem como se pode sentir feliz e privilegiado por isso. Minha felicidade é ainda aumentada pelo fato de viver perto de um dos maiores sambaquis da ilha de Santa Catarina, que infelizmente foi desrespeitado pela expansão imobiliária e é ao meu ver menosprezado pelas autoridade e maioria dos moradores.

É uma pena constatar que há quem não consiga ver beleza na natureza ou com ela ter algum grau de intimidade. Um visitante me disse que não conseguiria viver aqui e ser acordado por pássaros todos os dias, que sente-se mal quando não escuta carros passando, o som da cidade, quando não sente nos olhos a poluição (!), gente amontoada nas calçadas, concreto por tudo. O mato ao redor de nossa casa é um vestígio já muito alterado e humanizado do ambiente natural, mas para ele, parecia a floresta amazônica, e disso queria distância. Concorda que precisamos preservar o meio-ambiente desde que isso não afete seu estilo de vida, e não vê o meio urbano inserido em algo infinitamente mais amplo, do qual toda a civilização depende, queira ou não queira. Disse que, como Sartre, tinha alergia à clorofila.

Os seres humanos parecem ter vivido por ao menos 100.000 anos como nômades, mergulhados numa natureza selvagem que não apenas lhes dava o sustento, mas da qual não podiam ser dissociados. E ainda que fosse terrivelmente ameaçadora e implacável, toda a devoção arcaica ao sobrenatural - da qual a fé e as religiões certamente descendem - era dirigida as suas forças e elementos. Esse sentimento de intimidade com o meio natural está, como diria Jack London, em nossa memória racial. Foram apenas nos últimos 6.000 anos que começamos a criar ambientes controlados, onde era minimizada a força aparentemente caótica da natureza, que ao mesmo tempo oferece vida e sustento, e morte e desolação sem piedade.

Menos de 10% da existência humana aconteceu em cidades. E se formos pensar nelas em termos de uma civilização urbana, muito menos ainda. Andamos na mata, nas savanas e nos campos mais tempo do que em shoppings. A alergia de meu amigo é mesmo muito séria, pois nega a maior parte da história de nossa espécie.

***

Mas ainda que ame a natureza e ache o máximo viver aqui, um ambiente urbano margeado por uma natureza em regeneração, compro minha comida no supermercado, tenho internet em casa, consumo bens programados para se tornarem obsoletos, ando de carro pra cima e pra baixo, produzo lixo e o que é pior, também gosto disso tudo (menos a parte dos bens programados para se tornarem obsoletos e uma de suas consequências: produzir lixo).

Ao menos, por gostar da natureza e passar boa parte dos bons momentos de minha vida nela, eu posso repensar minha conduta com mais facilidade e contribuir para que nosso suicídio coletivo demore mais para acontecer. Não é o caso de meu visitante, que é daqueles que ainda não acredita que preservar a floresta amazônica, por exemplo, seja melhor negócio que transformá-la num grande pasto rentável para o gado. Ou que acha que as leis ambientais são muito severas e imperram o progresso. Progresso? esqueceram de avisar o sujeito que estamos em 2009. Ele soa como um industrial da primeira metade do século XX, quando, em nome do progresso, valia até colocar chumbo na gasolina. E depois de todos os deslizamentos de terra que ceifaram muitas vidas nesse estado durante as chuvas de Novembro de 2008, não consegue perceber como ações humanas irresponsáveis trazem reações naturais catastróficas.

Meu visitante poderia prestar atenção na memória da raça humana. Poderia experimentar uma longa caminhada pela mata, de olho nas árvores, nos animais, com as narinas ligadas nas seivas, nos panoramas, acampando sob copas e mais copas, desfrutando do inigualável prazer de se conversar em volta de uma fogueira à noite (quando acendê-la é permitido , é feito com inteligência e não ameaça o meio natural) com os olhos nas chamas e os ouvidos nos sons da floresta, como fizeram nossos antepassados por milhares de anos.

Se ele se permitisse fazer isso ao menos uma vez, talvez as coisas fossem bem diferentes.

***
Eu quis expulsá-lo de minha casa. Chamou-me de abraça-árvores, e eu, ao invés de levar como um elogio, fiquei perturbado. Ele está doente e precisa de ajuda. Todos estamos. Mas quem sabe disso?

2009/05/19

Podcast do Cassim N.1 - Escute!

Podcast do Cassim n.1 - It's the animal (é o bicho!).


* Escute algumas das bandas que tocaram com Cassim & Barbária na tour pela América do Norte.

* Ouça os causos & todos os lances!

Clique e vá escutar já! Podcast do Cassim

2009/05/09

Life is a Gas

Ando sumido daqui por diversas razões, retomarei ainda durante o fim de semana os relatos de nossa tour na América do Norte.

Mas hoje, quero escrever um pouco sobre a perda de duas pessoas queridas pela comunidade musical de minha cidade natal, Curitiba. Um deles é o Gus, músico e personagem muito conhecido e respeitado no underground daquela cidade. Ele morreu na última segunda-feira depois de uma cirurgia. O outro se mandou desse mundo há exatos 15 anos. Era meu irmão, Daniel Fagundes, que foi ceifado num acidente de trânsito estúpido, como todos os acidentes de trânsito com vítimas fatais, quando tinha apenas 16 anos. A Adri Perin escreveu sobre a perda dos dois aqui.

Quando o Daniel morreu, estávamos distantes, ele no auge da adolescência, tendo uma vida cheia de fortes emoções com os amigos e a Relespública e ajudando a escrever a história do rock independente brasileiro (o compacto que gravou com a banda é considerado pelo Alexandre Matias uma das 25 pedras fundamentais do rock independente brazuca), e eu tentando inventar um caminho pra seguir nos meus 21 anos (será que viro astro do rock ou arquiteto? no fim, nem um, nem outro). Depois que se foi, as pessoas começaram a me contar sobre ele e descobri um outro irmão que me arrependo profundamente de não ter conhecido, simplesmente porque eu andava preocupado demais com minha própria vida para prestar atenção em quem estava ao meu lado.

Quando o Jansen me contou da morte do Gus eu pensei: - taí um cara muito legal com quem sempre tive bons papos sobre música, alguém da minha geração que passou pelas mesmas coisas que eu passei, que tocou numa banda que eu gostava muito, o Loaded, e que eu não conhecia muito bem. Apesar disso, tínhamos uma empatia grande. Infelizmente, agora é tarde demais para transformar essa empatia em amizade.

Pra mim, conviver com pessoas como o Gus, um cara inteligente, criativo, curioso e acima de tudo, gentil, é o que realmente importa na vida. Isso também vale para o meu irmão. Ele não era o tipo de pessoa que você conhece todo dia. Eu falo mais sobre ele em outro post.

Se tem algo que dá pra tirar da morte é isso: aproveite cada momento com as pessoas ao seu redor. Viver o melhor do presente com gente ao seu redor é sempre preferível a ficar se remoendo sobre o passado sozinho num quarto mal-iluminado do Chelsea Hotel às 11 e meia da noite, no meio do inverno e com um exército de fantasmas e frustrações subindo e descendo o corredor enquanto você escuta a estação de rádio de country e tenta escrever uma canção sobre seu amor pela Johanna.

Se bem que se a canção ficar boa, valeu.

2009/04/14

Pausa criativa em New Orleans


Born on the Bayou


Alligator no Bayou de Barataria, New Orleans


Rumo ao Golfo do México


Xei em momento Vudu. Bourbon Street, New Orleans.

Viajar por Dixie, o sul dos Estados Unidos, é um prazer, especialmente se New Orleans está na rota. Saindo da explosão de informações, sons & afins do SXSW em Austin, fazia sentido parar em algum lugar por dois dias e recarregar as baterias para a última parte da tour.

A Cidade do Crescente, o Big Easy que de fácil não tem nada, especialmente depois do Katrina, também pode dar uma canseira em você, especialmente se estiver disposto a sorver o que tem de melhor. Como não somos bobos nem nada, curtimos o Jazz do Preservation Hall e da Bourbon Street, comemos Po Boys - sanduíches que levam de tudo um pouco e são baratos - sem falar nas Jambalayas e Gumbos. New Orleans é uma das poucas cidades nos Estados Unidos onde se pode beber álcool nas ruas, o que lá todos fazem. Degustamos con gusto a Abitta, cerveja local de morango, demos uma conferida na arquitetura espanhola & os áres creole dessa cidade francesa que é a mais setentrional do Caribe, por assim dizer. No French Quarter, o único sinal da devastação do Katrina em 2005 são os inúmeros estabelecimentos comerciais fechados por falta de quem os toque - boa parte dessa gente foi relocada para Houston Texas e reclama da adminitração Bush por ter aproveitado o desastre para mante-la longe numa gentrificação sem-vergonha.

O grande lance de nossa parada em New Orleans, berço do jazz, lugar onde o Zydeco, o Cajun, o blues e o folk mantém seus quartéis-generais, foi absorver a história musical & cultural. Ainda achei tempo para conhecer os bairros além do Quarter e ver como ali se vive. Numa excursão até o pântano e Golfo do México, vi no caminho as marcas do Katrina em casas semi-destruídas, carros abandonados & ruas delapidadas. A bordo de um barco movido a ar, encontrei os grandes aligators & experimentei em primeira mão o sotaque cajun do guia & sua esposa.


Jazz Band no Preservation Hall de New Orleans

Zimmer sentou na primeira fila do Preservation Hall e até mesmo deixou gorjeta para que a banda tocasse os pedidos do público, que incluíram a sempre presente All The Saints e muito dixie. Tivemos muitas ideias para composições depois de uma verdadeira maratona musical nessa que virou nossa parada predileta na América do Norte.