2006/12/27

Tudo o que o Pacifico oferece em Puerto Montt.



Em Puerto Montt, no Chile, o negócio é o mercado Angelmo. Frutos do mar de todos os tipos que você nunca experimentou.



Se você, como nós, gosta de salmão, seja bem-vindo.



Angelmo.





Vista do vulcão Osorno parcialmente encoberto.



Meu amigo Zé vive em Florianópolis, mas muito antes disso já colecionava informações importantes sobre o mar & a vida nele. Um dia me explicou que a melhor maneira de se preparar um peixe é não o preparando. Ele já vem pronto para ser degustado. Só fui entender isso algum tempo depois daquela anchova suculenta que me ofereceu em seu minúsculo mas aconchegante lar na ilha catarinense. Em Puerto Montt, senti o verdadeiro gosto do salmão, roubado do prato da Lu, num minúsculo restaurante escondido numa quebrada dentro do mercado Angelmo.

Tudo começara naquela manhã chuvosa em Pucón, quando sair da barraca depois de um sono de apenas 5 horas que coroava uma sessão de relaxamento em termas soníferas foi uma das tarefas mais difíceis de toda a viagem. Dentro do ônibus, sacamos as capas e calças de chuva ensopadas e as ensacamos num saco plástico preto. Em poucos minutos, a Lu voltou a dormir como não tivesse saído da barraca, enquanto fiquei com os olhos estalados em busca de uma última visão do Villarrica, que infelizmente estava escondido atrás de pesadas nuvens de chuva. Contentei-me em apreciar algumas breves visões do lago Villarrica e da cidade de mesmo nome, onde dez anos atrás eu acampara. Procurei em vão algo que se parecesse com o camping por onde passara e acabei cochilando um pouco, deixando Pucón e todo o esquema das moradas flamejantes dos antepassados para trás.

Quando nos aproximávamos de Osorno e Puerto Varas, acordei a Lu na esperança de que conseguíssemos ver algum outro vulcão, mas tudo estava muito molhado e chuvoso, de modo que o melhor que se pôde ver foi um pouco da bonita Puerto Varas. Chegando em Puerto Montt, tive a mesma impressão que tivera dez anos antes de uma cidade que devia se parecer muito com o que San Francisco fora no começo do século vinte, ou como as cidades portuárias das baleeeiras da nova Inglaterra deviam se parecer na mesma época. A chuva ajudava a ambientar essa idéia.

2006/12/21

Vulcao Villarrica e outros prazeres Chilenos.






Depois de dois dias agradáveis mas um pouco frustrantes na base do vulcão Lanín, atravessamos a fronteira com o Chile e chegamos num dos pontos mais bonitos e concorridos da região dos lagos: Pucón. Estive nessa cidade em 1996 e naquela época ela me pareceu um pouco turística demais, principalmente em comparação à vizinha Villarica, onde havia acampado à beira do lago de mesmo nome. Hoje, Pucón é um dos pólos mais atraentes para todos os tipos de visitantes, o que não significa que não tenha seu lado rústico, algo que valorizamos muito por aqui. Armamos nossa tenda num camping distante da Calle O' Higgins - o centro vibrante da cidade onde agências de turismo disputam à tapas o privilégio de te levar até a cratera. Descobri que seria impossível e proibido subir o vulcão sem uma agência credenciada e de maneira independente e mesmo lembrando o que o Dubois havia dito sobe outros vulcões da região serem mais baratos para se subir e até passíveis de uma excursão indie com equipamento alugado, resolvemos contratar os serviços de uma das ditas agências para poupar tempo e esforço. O episódio Lanín me fez ver a subida a um vulcão como algo urgente a ser resolvido, e a beleza evidente do Villarrica acabou nos contagiando. Choramos bastante numa das agências até conseguir um pequeno desconto. Pagamos mais ou menos R$ 150 - equipamento incluso - pela ascenção, que aconteceria no dia seguinte, bem cedo. Em seguida, a Lu quis averiguar se as histórias sobre o salmão chileno eram verdadeiras num pub que oferecia a iguaria dentro de um prato do dia de preço bem acessível - $ 2.000. Acontece que naquele momento um erro de conversão financeira nos fez supor que 1 Real valia 250 Pesos chilenos, ou seja, aquele prato de salmão era o mais barato da história. Pouco depois descobrimos que tínhamos gastado a grana como se o Chile fosse uma grande barbada. Na verdade, 1 Real valia aproximadamente 200 Pesos chilenos, elevando repentinamente os preços e limitando bastante nosso orçamento.


Barriga cheia, entramos no supermercado para dar uma olhada nos produtos nacionais e comprar nossa janta e os ingredientes para o lanche que comeríamos no vulcão. Encontrei meu velho conhecido e amado Ají, um molho de pimentão picante de mesmo nome que está em quase todas as mesas chilenas e que cairia muito bem num sanduíche de atum e queijo a 2.800 mts e 10 graus negativos. A Lu ficou particularmente impressionada com a quantidade de chocolates e vinhos de um simples supermercado. Compramos também um outro clássico de viagens mochileiras pelo Chile: um litro e meio de vinho Gato Negro em caixa de papelão longa vida, item que adotamos em todas as nossas excursões na Argentina e Chile devido à relativa boa qualidade destes vinhos e o seu custo muito reduzido. Só deixamos de compra-los quando os locais de ambos os países nos asseguraram que são feitos com o resto do resto de toda a produção vinícola e com muitos conservantes, ou seja, uma heresia na terra dos melhores de nosso continente. De qualquer forma, há quem afirme - eu incluso - que muitos dos vendidos em caixas de papelão nestes países são de qualidade muito superior à maioria dos vinhos brasileiros (e estou falando dos bons vinhos brasileiros mais acessíveis, não de sangue de boi ou dos mais caros).
Jantamos um macarrão argentino feito em nosso potente e agora bem regulado fogareiro e nos deitamos à luz dos reflexos das lavas do vulcão que cintilavam na fumaça sobre seu cume.
Sete da manhã um funcionário da agência nos buscou de carro. O vulcão e todo o céu estavam completamente encobertos e eu achei que a expedição seria cancelada. Enquanto esperávamos pelos outros excursionistas na agência na Calle O'Higgins e experimentávamos os equipos - bota para neve, crampons, capacetes, etc, verifiquei no site do CPTEC que o tempo melhoraria dali a algumas horas. O time se completou com um dinamarquês meio austríaco especialista em café que começara seu giro um ano antes na Guatemala, um casal gay de irlandeses, uma chilena e seu namorado gallego (da Galícia) e outro casal israelense cuja garota um pouco acima do peso e desacostumada à ascenções desistiu da empreitada no meio do caminho. O guia era um sujeito atarracado com fala rápida e um pouco grosseiro que depois se mostrou ser suficientemente buena onda. A trupe se espremeu na van, eu na frente entre o motorista e o dito guia, que foram o caminho inteiro falando seu chileno rápido, supondo que eu não os entendia. Comentavam o acontecimento da tarde anterior, quando um sujeito de 67 anos e alemão tivera um ataque fulminante no coração durante a subida, morrendo a poucos metros da cratera. Também comentaram o acidente mortal de um rapaz, que escorregara por um flanco da montanha se espatifando 300 metros abaixo nas pedras que interrompem a rampa de neve. Quando perguntei quando isso tinha ocorrido eles ficaram surpresos ao descobrirem que eu entendia o sotaque carregado dos chilenos, que cortam os esses, juntam todas as palavras e usam interjeições como ja (iá) e cathcay (sacou?) em profusão, entre outras. Significava que eu entendera todos os comentários sobre as garotas da excursão, inclusive os sobre a brasileira. Pediram desculpas, um pouco envergonhados, e se mostraram a partir dali extremamente solícitos ao responderem minhas perguntas sobre o vulcão. Enquanto nos aproximávamos dele por uma estrada de terra em ascenção e cheia de curvas, o Villarrica foi se revelando entre as brumas que se dissiparam repentinamente assim que chegamos ao pé da montanha. E foi mais ou menos isso que me contaram:

O nome original do Villarrica é Quitralpillán, que na língua dos autóctones significa "morada flamejante dos antepassados". Acredita-se que os mapuches, os bravos guerreiros araucanos da região, possam ter sido os primeiros a subirem as encostas do vulcão. Também pode ser que os espanhóis tenham feito o mesmo, só que por outras razões: estariam atrás do enxofre, abundante neste que é um dos vulcões mais ativos do Chile, e que servia para a pólvora que mataria os já citados guerreiros. Sua última grande erupção foi em 1984. O guia disse que quase todas as registradas ocorreram no final de Novembro/começo de Dezembro, devido a um fenômeno não sustentado cientificamente causado pelo degelo comum dessa época, que lançaria uma quantidade de água na cratera suficiente para atiçar o vulcão. Não preciso nem conversar com meus amigos geólogos para refutar essa idéia, se bem que subir um vulcão ativo com a idéia de que geralmente entra em erupção exatamente na época em que você está subindo pode deixar tudo um pouco mais interessante. Tendo sido um guia de ecoturismo, sei que esse tipo de informação é um condimento potente para alguns que preferem imaginar estarem se lançando em aventuras perigosíssimas. Muitas vezes, os donos das agências instruem os guias a repassarem essas informações, com o devido antídoto, quando necessário, que é assegurar os mais inseguros de que se tudo der errado, há um plano B de fuga eficiente e testado em mãos.

A primeira parte da subida foi a única realmente radical e emocionante: um teleférico do começo do século passado nos levou até o começo de uma rampa de neve. Era uma cadeirinha onde mal cabíamos nós dois, sem barra de proteção frontal e que sacudia como papel ao vento. Brinquei com a Lu, fingindo que tinha soltado acidentalmente a mão do piolet, e isso quase aconteceu de verdade. Depois de descermos dele, começou uma caminhada de 3h e meia até o cume em zigue zague. A neve estava bem solta e não presicamos usar crampons. O grupo se portou bem e logo ultrapassamos alguns dos outros dez ou quinze grupos que subiam o Villarrica naquela manhã. Era tanta gente que por alguns momentos a subida parecia um pouco trivial demais. Essa impressão rapidamente desapareceu na primeeira das três paradas para descanço, quando o panorama me impressionou: víamos os lagos Villarrica e Caburga, as cidades lá embaixo e a fumaça venenosa logo acima das cabeças. Ao chegarmos à cratera, tivemos que achar um ponto vago em sua volta para fotografa-la, como estivessemos num zoológico ou numa visita guiada a um museu cheio de turistas japoneses. Os gases saíam não apenas pela cratera da morada flamejante dos antepassados como também por fissuras na parte sem neve à sua volta. De lá de cima (2847 mts) vimos o Tronador, o Lanín, a cordilheira e muitas outras coisas e lugares exquisitos (no sentido espanhol). A parte mais divertida foi descer o vulcão escorregando pelas encostas sempre com o piolet em mãos pronto para brecar descidas que perdessem o controle. Aproveitamos os caminhos abertos por outras bundas nos dias anteriores e escorregamos nesses tobogãs em grande velocidade, para a infelicidade de nossas bundas que congelaram e ficaram raladas. Chegamos na base do vulcão em pouco mais de uma hora de escorregadas. A Lu se deu muito bem nesse esporte, mostrando talento para atingir grande velocidade em pendentes.

Horas depois partimos para termas um pouco distantes, de onde saímos completamente amolecidos das piscinas com água de 40 graus relaxante e muito pisco sour na cabeça (bebida local) e dormimos na barraca como pedras vulcânicas ainda quentes, até a chuva nos acordar às cinco. Foi um dos momentos mais difíceis dos últimos tempos, já que termas são o melhor remédio para qualquer tipo de insônia e um potente relaxante muscular e nervoso para quem dorme numa barraca depois de subir um vulcão de mais de 2.88 mts. Colocamos roupa de chuva, desarmamos a barraca e arrumamos as mochilas nas costas, prontos para pegar o ônibus das 6h15 para Puerto Montt. Nao havíamos pago o camping, e não conseguimos acordar ninguém na casa que era sua sede. Tivemos que deixar a grana pendurada dentro de um saco plástico na porta de trás e sair correndo para não perder a condução até o santuário sulamericano para quem ama frutos do mar e cia.

2006/12/17

Vulcao Lanín: gradiosidade e frustraçao.

O fabuloso Vulcao Lanín e nossa familiar Araucaria Araucana.

Detalhe de glaciar (serac) do vulcao Lanín.


Lanín visto da barraca.


Lu em praia vulcânica nas cercanias do Lanín.

Saímos de Bariloche com os vulcoes em nossos planos. A primeira parada foi Junin de Los Andes, pequena cidade agradavelmente pequena e sem turistas a poucos quilometros do extinto mas ainda grandioso vulcao Lanín (3.776 mts). Sabíamos que para chegar ao seu cume, precisaríamos de equipamentos caros de se alugar e guias, já que nao tínhamos experiência em ascençoes em rampas com neve dura para tentarmos sozinhos. Depois de conversar com uma garota no escritório do parque, que nos asegurou ser possível chegar aos refúgios em uma das faces do Lanín a mais de 2.000 mts sem crampons, compramos uma passagem para o parque e começamos a nos preparar para a caminhada de 4 ou 5 horas do dia seguinte. Estávamos acampados num camping pitoresco em uma ilha fluvial cercada de montanhas e estepes nos arredores de Junin. Essa cidade é quase completamente mapuche, ou seja, seus habitantes ou sao ou descendem dos autóctones da regiao, um povo guerreiro que atrasou bastante o avanço europeu nos Andes argentinos e chilenos. No dia seguinte, acordamos cedo e tomamos a conduçao, que ia para Pucón no Chile. Descemos um pouco antes da aduana da fronteira entre os dois países, onde começa o parque. Nao éramos os únicos que pretendiam subir o Lanín: um casal espanhol-irlandesa e dois ingleses nos acompanaharam até a sede do parque para o registro. Eles tinham todo o equipo obrigatório para chegar ao cume. Nós nao, e nem era nossa intençao. Acontece que havia nevado muito no vulcao, e o ascesso aos refúgios estava vetado a quem nao tivesse crampons, piolets, aquecedores e walkie-talkies. Fiquei bem frustrado e explodi de raiva, desejando que o vulcao entresse em erupçao ou qualquer outra estupidez parecida. A Lu me acalmou e nos contentamos em acampar na base do vulcao e fazer uma caminhada que acabou sendo tao espetacular quanto uma ascencao. Ela começou em nossa barraca, foi até o lindo lago Tromen e sua praia vulcânica, de onde tivemos uma visao panorâmica da regiao, atravessou uma campina cheia de araucárias e terminou na sede do parque, 4 horas depois. Minha raiva se voltou contra mim mesmo e paguei com um tombo estúpido numa raiz que me deixou a perna dolorida e roxa. Nossas passagens para Pucón no Chile eram para ali a dois dias, mas como nao subiríamos o vulcao nao havia muito mais o ue fazer por ali, por isso esperamos o mesmo ônibus na direcao contrária passar no final da tarde e trocamos as passagens para a manha seguinte. Em seguida, caminhamos até a linha de neve do vulcao, uma caminhada cansativa nos pedregulhos vulcânicos que a Lu detesta tanto (é realmente chato uma subida no meio do scrub, um passo à frente e duas escorregadelas para atrás). O panorama lá em cima valeu o sacrifício. Na volta, descobrimos que a campina bucólica onde tínhamos colocado nossa barraca havia se tornado em uma pequena cidade com a chegada de uma excursao de famílias com adolescentes, professores universitários, donas de casa e empresários de mar Del Plata que subiriam o vulcao no dia seguinte com guias de uma agência careira. Tomamos um vinho, fizemos um macarrao apetitoso em nosso super-potente fogareiro à benzina e depois trocamos impressoes com alguns dos excursionistas. Uma delas, com uns 45 anos, estava muito apreensiva e nervosa com a subida da manha seguinte. Nunca havia subido nem mesmo um morrinho de areia. Isso nos fez pensar sobre todo o comercialismo que vem tomando o montanhismo, às vezes com consequências dramáticas, como já relatado por caras como Krakauer e denunciado por Buhl, Herzog e outros. Nem imaginávamos que dali a alguns dias entraríamos numa excursao guiada para subir o Villarrica, graças a um lobby das agências de turismo chilenas que proibiu ascencoes independentes na maioria dos grandes vulcoes da regiao dos lagos do Chile.

Você pode assistir a um video de nossa subida ao Villarrica aqui:


2006/12/16

Aconcagua e muito mais

Tem sido dificil achar um teclado que eu possa configurar para o Portugues, e este no qual escrevo eh o caso. Leia e imagine a pontuacao. E tambem nao consegui achar qui em Mendoza, Argentina, um Cyber cafe que tenha computadores com entrada USB compativel com minha camera, o que significa que mais fotos e relatos estarao por aqui daqui a uns dois dias, quando estivermos em Buenos Aires.
Muita coisa desde o ultimo post. De Bariloche, fomos para Junin De Los Andes, uma pacata cidade indigena que tenta preservar as tradicoes dos Mapuches, os habitantes originais da regiao. De la, nos mandamos para o Parque Nacional Vulcao Lanin, na fronteira com o Chile. No escritorio do parque em Junin, uma atendente simpatica nos garantiu que poderiamos chegar nos refugios do vulcao caminhando sem problemas, mas ao descermos dop onibus no parque e conversarmos com um guarda, constatamos que a grande quantidade de neve nas rampas e no vulcao como um todo impossibilitava qualquer subida sem crampons e piolets. O aluguel desses apetrechos em Junin estava muito caro e por isso nos contentamos em acampar na base do vulcao, um dos mais bonitos da America do Sul, e caminhar ate a linha de neve e ao redor dele. De la, atravessamos a fronteira e paramos em Pucon, no Chile, onde minha frustracao falou alto e nos fez pagar por uma excursao para subir o vulcao Villarrica, com todo o equipamento incluido. Ha anos, eu e meu camarada Andre demos uma subida no vulcao mas desistimos bem antes da cratera por termos seguido por uma rota completamente ingreme e impraticavel. naquela epoca - 1996 - era possivel subi-lo sozinho. Hoje, isso seria impossivel. As agencias de ecoturismo conseguiram atraves de um lobby proibir ascencoes independentes. De qualquer forma, chegar na cratera depois de uma caminhada de 3h30 na neve e gelo e observar a fumaca de um vulcao ativo de perto valeu muito a pena, mesmo pelo preco e com o grande numero de pessoas em nossa expedicao. O mais legal foi desce-lo escorregando na neve.
Em seguida, fomos a Puerto Montt, onde a Lu enlouqueceu com tanto salmao bom e barato. De la, cruzamos para Chiloe para tentar pegar em Quellon, na extremidade sul da ilha, um cargueiro que nos levasse a Carretera Austral. Mas o cargueiro estava lotado e o proximo demoraria uns 5 dias pra chegar, entao fomos direto para Santiago de Chile, onde a Lu entrou novamente num frenesi por caua dos salmoes. Ela cozinhou um na cozinha do albergue onde ficamos que vai ficar para sempre na memoria. Tivemos a sorte e chegar na capital bem quando Pinochet morreu, o que significa que tenho imagens historicas de manifestacoes pro e contra o ex ditador. Um dia depois, cruzamos novamente a fronteira ate Mendoza, e daqui para o Aconcagua. Ficamos num refugio na base da montanha e caminhamos ate uns 3.800 mts, ate o ponto permitido sem licenca para caminhar no parque. Inicialmente tinhamos pensado em caminhar ate a Plaza Francia, 4.500 mts, mas nao se pode fazer isso sem um permiso de 30 dolares por cabeca. E como estamos em contencao de despesas, decidimos nos contentar com uma caminhada pelas beiradas do parque, que nao foi menos espetacular. Depois contarei detalhes. Depois voltamos para Mendoza, capital do vinho. Hoje, visitaremos algumas vinicolas e a noite partimos para Buenos Aires. Ate mais.

2006/12/03

Alguns Extras.

Lu com Señor Albert - 92 anos, dono de uma montanha (Cerro Goye), de um camping (Camping Goye) e morador de um dos lugares mis legais por onde passamos até agora - a Colonia Suiza, em Bariloche.
Lu no camping Goye: isso é o que dá quatro dias na poeira da montanha patagônica, sem banho e com frio.

Cerro Catedral e Refugio Frey - Beleza Tosca

Esse sou eu - Cassiano - no Cerro Lopez. Foi o primeiro contato direto da Lu com a neve, mas ela se comportou como tivesse crescido nela. Isso foi antes de caminharmos até o Refúgio Frey e encontrarmos aquele lugar especial na Colonia Suiza. Subimos numa caminhada de 3h até o Refúgio Lopez, descemos a parte com neve escorregando (surfe na neve com botas) e começamos uma série de ascençoes diárias às montanhas que nos fez tirar esse Domingo pra descanso.

Um dia depois, carregamos as mochilas com comida, fogareiro e muita roupa para frio e fizemos a caminhada de 4h até o Refúgio Frey onde instalamos nossa barraca acima das outras - uma boa idéia do ponto de vista panorâmico mas talvez nem tao boa no ponto de vista vento patagônico. Concordamos que o Cerro Catedral é um dos lugares mais bonitos que conhecemos em nossas vidas. Ficamos um pouco frustrados por ver tantas vias de escalada, muitas bem fáceis apesar de extensas, e nao podermos escala-las por falta de equipamento e experiência. Para compensar, subimos até a base de algumas das agulhas de rocha que compoem o Cerro Catedral. Chegamos até o cume de uma delas depois de uma leve escalaminhada que incluiu essa travessia na neve abaixo. A Lu guiou (solando).

Lu posando à frente das agulhas gigantes do Cerro Catedral, abaixo:
Fim de dia (21h30) visto de nossa barraca. A agulha que subimos é a primeira mais alta à esquerda do catedral (a agulha mais alta).

Planejávamos caminhar do Refúgio Frey até o San Martin, mas a idéia foi deixada de lado quando descobrimos que a neve estava alta e empapada até lá, além de termos que subir e descer dois colos de neve bem altos e íngremes para chegar lá, sem crampons ou equipamento. Poucos dias antes, um sujeito escorregou 200 mts tentando fazer a travessia e foi parar no hospital. Um dos caras que trabalha no refúgio era bem legal - o Negro - e se parecia com o escalador curitibano Bonga. Ele conhecia muita gente de Curitiba, inclusive a Roberta. Também encontramos por lá o Nicolau, um escalador carioca que ficaria no Frey indefinidamente. Quem sabe, encontraremos o figura de novo na volta de nosso recorrido pelo Chile.

As noites no Frey foram impressionantes. O frio era tao grande e o vento tao violento que logo depois de jantarmos perto da barraca ao pôr do sol, entrávamos nela e nos alojávamos nos sacos de dormir. No meio das duas noites que passamos acampados lá, eu acordava para ir no banheiro e ficava impressionado com a vista incrível das neves e os picos iluminados por uma lua quase cheia. Isso durava 1 minuto, tempo de tirar água do joelho e voltar para a barraca.

Neve, Suor e Panoramas Extraños

Cassim no Cerro Goye - Colonia Suiza - Bariloche

Cerro Lopez visto do Cerro Goye


Cerro Catedral




Esse é Señor Albert. Filho de suíços, é um dos representantes da Colonia Suiza, lugar nao tao conhecido em Bariloche. Uma vila afastada na regiao metropolitana da cidade, é um sítio calmo, com ar interiorano. Tivemos a sorte de parar no camping deste homem, dono de uma montanha - o Cerro Goye, que é pouco frequentado pelas trilhas mal sinalizadas e subidas muy íngremes em terreno instável. Chegamos ao cume cansados depois de três horas e fomos brindados com uma das vistas panorâmicas mais deslumbrantes da regiao.
As fotos acima mostram o Cerro Goye e a visao que se tem de seu cume, que inclui o Cerro Catedral, o lago Nahuel Huapi e muito mais.