2009/03/30

SXSW - Maratona de shows

Enquanto o vídeo de nossa apresentação cinematográfica na grandiosa Igreja Presbiteriana de Austin, Texas, não fica pronto, posto aqui algumas fotos do festival com comentários. Começando por alguns shows inspiradores que assistimos & mais.


Pelican

Um dos shows que mais nos impressionaram foi dessa grande banda de Chicago. Um pouco de doom metal, outro tanto de stoner rock, alguns também chamam de post rock metálico. O fato é que esses caras fazem um som denso e muito grave, ou como eles mesmos gostam de definir: "agression with a pop sensibility", sem vocais e ideais para suingar a cabeça. Eu particularmente fiquei impressionado com as texturas e melodias intrincadas dos guitarristas e dos acordes tocados pelo baixo. Gostei tanto que vi o show duas vezes.

www.myspace.com/pelican

Garotas Suecas

No mesmo bar onde vi pela segunda vez o Pelican, nossos conterrâneos & amigos Garotas Suecas fizeram um show competente. Eles estão conquistando a América. Vamos tocar com eles semana que vem em Philadelphia.

www.myspace.com/garotassuecas
Andrew Bird

Esse grande artista fez um show excepcional, tocando seu violino, cantando, conduzindo uma banda afiadíssima e até assobiando como ninguém. Suas composições sofisticadas, com muitas cordas e seu já famoso uso esperto da língua inglesa encontrados no seu último CD, Noble Beast, ficaram particularmente ricos ao vivo. Notem  a similaridade entre a capa desse álbum e a de nosso EP americano. Acho que a Lu captou bem o espírito que permeia a música pop "inteligente" mundial neste momento:




www.myspace.com/andrewbird


2009/03/26

SXSW em Austin - O festival - primeiro show



Zimmer, o porta-bandeira Catarinense do SXSW.



Fachada do The Rio, em Austin, Texas

O combo e o Rio, em Austin, Texas.





A multitude de opções musicais que o South By Southwest oferece é impressionante. São praticamente 2.000 bandas tocando em diversos bares, casas de shows, teatros, nas ruas, em lojas e em qualquer lugar possível. A rua 6 concentra grande parte das atrações e vira via exclusiva para pedestres. Mas a cidade toda comporta o festival. Os 4 dias de SXSW atraem uma multidão de pessoas do mundo inteiro, e entre toda essa gente, muitos músicos, produtores, executivos de gravadoras e outros buscam oportunidades. Um centro de convenções gigantesco se torna sua sede: é onde participantes se cadastram, showcases oficiais, palestras e workshops
acontecem.

Zimmer dando bandeira na 6th Street.



Cassim & Barbária depois de um show arrebatador.



Quincy Jones autografando seu livro em evento do SXSW


Daniel Johnston em evento no SXSW



Todo mundo quer aparecer, alimentado pela idéia de que o evento lança novidades musicais para o mundo, o que é verdade. O pano de fundo é a capital texana, uma ilha democrata e liberal cercada por um dos estados mais conservadores dos Estados Unidos. O clima de porto livre é atestado pela grande quantidade de bares e casas de shows.



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Chegamos em Austin com expectativas modestas. Sabíamos que chamar atenção no meio desse turbilhão de informação é muito difícil. O objetivo primordial de qualquer artista esperto no festival é atrair o maior número de pessoas da mídia, de agentes e gravadoras para o seu show, já que o SXSW é visto pela indústria da música como uma espécie de mercadão de barganhas, notícias & bons negócios.

Além dos shows - nós tínhamos 2 programados - queríamos fazer bons contatos com bandas e produtores. Por isso, antes e depois de nossas apresentações, cada um foi para um lado munido de cartões da banda e CDs. Foi assim que troquei informações com as delegações de alguns países, cujos governos deram apoio financeiro e logístico para as bandas compatriotas. O estande do Reino Unido no centro de conferências, por exemplo, impressionava: eram 6 ou 7 coletâneas em CD distribuídos gratuitamente aos participantes, apresentando as bandas de diferentes regiões da Grã Bretanha e Irlanda do Norte. Além disso, este e outros estandes de países disponibilizavam catálogos, revistas, jornais e camisetas. O Brasil também tinha o seu, um pouco tímido. Decidimos tentar articular algo assim para o ano que vem, dando destaque a Santa Catarina e sua produção cultural/musical.

Nosso primeiro show aconteceu no The Rio, um bar/restaurante que é citado em guias e por conhecedores como o melhor lugar em Austin para se comer culinária tex mex e beber margaritas. Um pouco fora de mão, temi que não aparecesse muita gente. Mas num evento como esse, qualidade de público está muito acima da quantidade.

A noite foi aberta por uma banda norueguesa para quem emprestamos nosso equipamento: a Kristiansand, cujo som cheio de texturas de guitarra nos agradou.

Em seguida foi nossa vez. Animados por ter conseguido atrair público - o que no SXSW é considerado muito bom para uma banda desconhecida - fizemos uma apresentação fluida & divertida. O som no palco estava excelente e depois de vários shows na América do Norte, parece que atingimos uma espécie de maturidade ao vivo.




Depois, fui entrevistado por um jornalista/fotógrafo de uma revista especializada local. Um dos caras que acompanha o Black Lips como convidado também veio falar conosco. Naquela mesma noite, assisti um show insano dessa que é uma das bandas mais concorridas do SXSW. Comemoramos a noite com um prato suculento de nachos & margaritas, oferecido pelo gerente do restaurante.

O segundo show aconteceria dentro da igreja presbiteriana central de Austin, com arquitetura imponente. Ele contaria com a presença de brasileiros ilustres da cena independente brasileira. Postarei o vídeo aqui. Por enquanto, fotos:


XuXu e Zimmer na entrada da Igreja Presbiteriana de Austin.

O show na Presbyterian Church

Road Trip - Rumo a Austin


Longa estrada rumo a Austin




No dia 16 de Março, Segunda-feira, começou nossa sensacional viagem até Austin, atravessando 8 estados entre Boston, Massachussets, até a capital do Texas, onde aconteceria o South By Southwest. Foram 2 dias de muita estrada com o tempo muito escasso e as paisagens fenomenais. Tudo isso não seria possível sem o apoio da Secretaria de Esportes, Turismo e Cultura de Santa Catarina.

Na primeira parte da viagem percorremos quase mil quilometros, começando pelos estados de New York, New Jersey, Maryland e Virginia, onde dormimos. No dia seguinte continuamos pelo mítico estado do Tennessee, um dos prediletos da banda, onde comemos um prato típico em parada de estrada e absorvemos a atmosfera country de Nashville com Johnny Cash tocando nos alto-falantes.


Xei no Tennessee



Parada para descanso no Tennessee


Com a chegada da noite passamos por Memphis, cumprimentamos Elvis e atravessamos o rio Mississipoi pela primeira vez. Já no estado de Arkansas, terra de Johnny Cash, paramos num motel na beira de estrada cheio de sujeitos mal-encarados. Um deles pediu para usar um de nossos quartos quando estávamos saindo - ele tinha sido expulso do seu pela sua mulher.

Antes do galo cantar pegamos a estrada e logo estávamos no Texas. Cowboys, muita carne seca, Dallas e uma reta interminável entre fazendas, campos secos e subúrbios até chegar em Austin. Lá, todo o clima confederado do estado de George W. Bush fica pra trás. Nas portas dessa cidade progressista, notamos que ela estava tomada pela música do festival SXSW.


Austin agitada no SXSW

2009/03/21

Bahston!



Anthony Aquilino
Hot Box - banda quente de Boston.

Uma das melhores coisas de uma turnê nos EUA é dividir a noite é a surpresa que pode pintar na banda com quem dividimos a noite. Foi assim em NY com os Soundscapes e em Asbury Park com Fun Machine e Zazen Boys. O Hot Box em Boston faz parte dessa lista. Abrimos para estes locais numa noite de Domingo. Tínhamos chegado naquela manhã na cidade e aproveitamos a companhia de Guilherme, amigo brasileiro do Xei, que nos levou para passear na cidade.

Era Saint Patrick's Day, a festa dos irlandeses, cuja influência nessa cidade histórica nessa região que tem 28% de ascendência irlandesa entre seus habitantes. Pessoas vestidas de verde invariavelmente bêbadas perambulavam pelas ruas e nós paramos no Mercado Quincy para saborear duas especialidades da Nova Inglaterra: sanduíche de lagosta e Clam Chowder, uma sopa/creme com frutos do mar e batata muito saboroso. Queríamos caminhar mais e visitar o Museu de Ciência, mas o pouco tempo não permitiu.

A noite encontramos Danielle Freudenthal, nosso contato em Boston que marcou esse show no O'Briens de Allston, região boêmia na área metropolitana da cidade. Ela é uma figura engraçada & simpática e está fechando uma parceria com a gente para uma próxima turnê americana.

A primeira banda da noite: Eyeball Kid. Garotos sem idade para beber mandaram ver em seu som altamente influenciado por Kings of Leon. Detalhe para o Xis desenhado em suas mãos pelo porteiro, uma marca de quem não pode beber em um bar que inspirou o movimento Straight Edge. Depois foi nossa vez. O som estava bom & o fato de estarmos em Boston ajudou, já que é cidade de onde muitos artistas legais saíram. Vendemos alguns CDs e nos divertimos com a platéia insana ue já chegou embalada graças ao santo irlandês.





Nosso show está cada vez melhor, e isso não seria possível sem o Xei, que pilota a parte técnica. Por onde passamos, todos ficam surpresos com as duas baterias, uma delas capitaneada por Doc Heron, com as guitarras espaciais de XuXu, com os noises e efeitos de Zimmer (que fizeram até a Danielle achar que tinha um problema no PA) e com o baixo com forte personalidade de MLeonardo.

Depois foi a vez de The Highway, um som influenciado por Jimmi Hendrix, de uma turma que ficou nossa amiga, cujo guitarrista era venezuelano.

Fechando a noite, Hot Box, a banda que eu mais gostei nessa turnê até agora. Eles são jovens e com grande influência de bandas como Sonic Youth, My Bloody Valentine e outras que eu cresci escutando. Dá uma olhada: www.myspace.com/hotboxboston

De Boston fica a melhores das impressões e a promessa de voltarmos logo. Sua cena independente é alimentada pelos estudantes das universidades de lá que são nada menos que Harvard e MIT. O sotaque peculiar também é uma razão pra voltar. Bahston!

Tentamos ir para cama cedo, porque no dia seguinte faríamos um verdadeiro cross country: 2 dias na estrada para chegar em Austin, Texas, a tempo do começo do SXSW.

A viagem foi cinematográfica, com momentos cômicos, com ação, terror e até mesmo perigo. Logo posto aqui o relato com vídeos e fotos.

2009/03/15

Toronto

Niagara Falls

Cassim & Barbária no Canadian Music Week Festival, Toronto, Canadá




Entre Toronto, Niagara Falls, parada para fotos no Lago Ontario



Cassim & Barbária em Toronto


Dia 11, quarta, a "raça" partiu em direção a Toronto enquanto decidi passar o dia em Montreal. Subi o Mont Royal por uma trilha no meio da neve, fui ao porto antigo da cidade e à noite encontrei amigos. Enquanto isso a van catarinense parou em Kingston, no meio do caminho, depois de também passear em Montreal. No dia seguinte nos encontramos no Bed and Breakfast em Toronto e tiramos o dia e a noite para conhecer a cidade. Sexta-feira 13, data de nosso show, começamos subindo a CN Tower para ter uma visão da cidade. Toronto é incrível, o que se confirmaria em nosso show no festival. Infelizmente não tivemos tempo para participar dos eventos e assistir a outros shows, como os de Bloc Party, The Ting Tings, Holy Fuck e outros. No Domingo teríamos mais um show em Boston e a distância desde a grande cidade canadense é grande.
Mesmo assim nos permitimos a parar no lado canadense de Niagara Falls. A imponência desse acidente natural não se compara a das cataratas de Iguaçu, mas toda a neve e o gelo certamente fazem uma grande diferença. Atravessamos a fronteira sem demora e dificuldades e entramos nos Estados Unidos ao som de Bob Dylan. O Zimmer já virou nosso DJ oficial e está colocando sons que se combinam perfeitamente com a paisagem. Atravessando o Upstate New York, fez questão de tocar os locais The Band. Em alguns momentos parecia que atravessávamos o cenário da capa do disco deles.

Asbury Park: um grande show

Assista A Minute Ago, gravada ao vivo em Asbury Park, NJ, cidade de Shawn. Ele é o manager do selo e nosso melhor amigo americano.

Editada pelo Xei, nosso sound engineer/tour manager:

2009/03/12

Cassim & Barbária em Montréal

Les Fidel Castrol, nossa banda chapa de Montréal



Depois de deixar Nova York para trás e começar nossa viagem de van que vai atravessar boa parte do continente norte americano, dormimos num motel dentro dos Adirondacks, uma grande área florestal encravada na porção norte do estado. Acordamos com muita neve e o Heron teve sua primeira experiência dirigindo no meio dela. O dia não podia ser melhor para entrarmos no Canadá, terra de Neil Young, Joni Mitchel, Bachman Turner Overdrive, We Are Wolves, Arcade Fire, Rush e de muitas outras coisas. Um amigo havia me dito que o Canadá é um Estados Unidos mais liberal, menos paranóico e amigável. Em poucos minutos deu pra sentir que é muito mais do que isso.

Na aduana da fronteira, fomos bem-recebidos, apesar de uma nota de 20 dólares deixada sem querer dentro de um dos passaportes ter causado um pouco de constrangimento e do oficial ter declarado que o dinheiro estava ali diversas vezes para se certificar que aquilo não era propina. Em seguida, entramos na bela Montreal, uma cidade que como Florianópolis foi construída numa ilha, só que fluvial.

Antes do explorador francês Cartier chegar no século 16 na região, índios iroquois mantinham um povoado grande às margens do rio que seria chamado de Saint Laurent. Diz a história que Cartier subiu o grande morro para reconhecer o território com os chefes iroquois e ficou estupefato com a vista, chamando o promotório de Mont Royal. Nosso albergue ficava praticamente no pé do morro e perto do centro.


No dia seguinte aproveitamos a peculiaridade de se estar numa grande cidade norte-americana onde o Francês é a língua e cultura predominante. Cafés e bistrôs em profusão e comida boa com preços acessíveis nesse enclave latino no meio das geladas terras de Quebec. Logo notei que Montreal é uma cidade de jovens, grande parte da população tem menos de 40 anos e inclui muitos estudantes que chegam para cursar a McGill, universidade que é considerada a Harvard canadense.






Encontrei Rafael, um amigo brasileiro com cidadania francesa que acaba de se mudar para lá com sua esposa, enquanto os caras foram conhecer a cidade subterrânea, a torre olímpica e o centro. À noite demos um show divertido no Le Divan Orange ao lado da banda local Les Fidel Castrol. O pessoal da banda tinha orgulho de sua cidade e cantava em francês um rock garageiro muito bacana. O bar não estava cheio mas os presentes gostaram muito de nosso som & dançaram & mais.


O show:















Em seguida nos levaram para um afterhours que poderia ser em Curitiba, Londres ou qualquer outra cidade: rock rolando nas caixas e todos dançando, com o DJ colocando um eventual rock francês sessentista.



Barbária e Les Fidel Castrol





Ah Montréal!

2009/03/09

Fotos


Nosso show no Brooklyn foi transmitido ao vivo pela Internet. Até minha avó assistiu.


Cassim e Xuxu em ação no Brooklyn


Sessão rítmica manda ver no Brooklyn



Show no Goodbye Blue Monday, Brooklyn, NY - 6 de Março


Shows e estrada - NY/NJ


10 anos depois, retono às Palisades em grande estilo.



Lookout North America!


O tipo de estrada que eu gosto (e que o Heron também).


Parada em Adirondacks





Adirondacks, enorme parque e floresta no estado de New York entre a Big Apple e Canadá. Trilha sonora: The Band, Neil Young, Raconteurs, Zazen Boys, que mais, Zimmer?

Abra as portas, Canadá!


Tindersticks em Montreal. Brincadeira.



Canadá
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Etat Unidos


Cassim & Barbária na frente do Goodbye Blue Monday, onde foi nosso segundo show, no Brooklyn, NY.



Nosso melhor show até agora, em Asbury Park, New Jersey.

8/3/2009

17h27

Estamos na estrada entre Nova York e Montreal. A via não podia ser mais bonita e atravessa o Upstate New York de norte a sul, entre florestas nuas de folhas desse fim de inverno e muita pedra escura. Acompanhamos de perto o vale do Rio Hudson, terra do cavaleiro sem-cabeça, de contos de terror mas também dos refúgios de artistas como Saugerties, Woodstock, onde a turma do The Band criou com Bob Dylan o melhor de suas carreiras.

Ontem fizemos um show fenomenal. O lugar ajudou, o público também e a presença de nosso amigo e colaborador Shawn Butler completou o clima. Sem falar no trabalho de som do Xei, que foi elogiado até pelo dono do bar. Mas o que ficou evidente é que a cada show, estamos mais seguros, mais soltos no palco e a música vai se tornando mais e mais poderosa.

Em Asbury Park, New Jersey, abrimos para duas bandas simplesmente fenomenais. Primeiro foi Zazen Boys, uma banda japonesa surpreendente, que segundo o Zimmer é puro Rock In Opposition misturado com New Wave. O produtor deles me garantiu que não são desse planeta, e nós acabamos concordando: esses caras são de uma espécie musical superior. Escute, assista e julgue por si mesma/o:




Depois foi a vez do Fun Machine, que é nossa companheira de selo - a BNS Sessions do Shawn. Nativos de New Jersey, essa banda é a prova de que o Prog Rock está vivo e renovado.O guitarrista usava um instrumento absolutamente bonito e era muito criativo, mas quem chamou mesmo nossa atenção foi a baixista, que além de bonita tocava seu instrumento como poucos são capazes.




O Heron está indo muito bem como motorista da van. E nós nos divertimos com o Ipod cheio de maravilhas que o Zimmer trouxe.