2006/12/17

Vulcao Lanín: gradiosidade e frustraçao.

O fabuloso Vulcao Lanín e nossa familiar Araucaria Araucana.

Detalhe de glaciar (serac) do vulcao Lanín.


Lanín visto da barraca.


Lu em praia vulcânica nas cercanias do Lanín.

Saímos de Bariloche com os vulcoes em nossos planos. A primeira parada foi Junin de Los Andes, pequena cidade agradavelmente pequena e sem turistas a poucos quilometros do extinto mas ainda grandioso vulcao Lanín (3.776 mts). Sabíamos que para chegar ao seu cume, precisaríamos de equipamentos caros de se alugar e guias, já que nao tínhamos experiência em ascençoes em rampas com neve dura para tentarmos sozinhos. Depois de conversar com uma garota no escritório do parque, que nos asegurou ser possível chegar aos refúgios em uma das faces do Lanín a mais de 2.000 mts sem crampons, compramos uma passagem para o parque e começamos a nos preparar para a caminhada de 4 ou 5 horas do dia seguinte. Estávamos acampados num camping pitoresco em uma ilha fluvial cercada de montanhas e estepes nos arredores de Junin. Essa cidade é quase completamente mapuche, ou seja, seus habitantes ou sao ou descendem dos autóctones da regiao, um povo guerreiro que atrasou bastante o avanço europeu nos Andes argentinos e chilenos. No dia seguinte, acordamos cedo e tomamos a conduçao, que ia para Pucón no Chile. Descemos um pouco antes da aduana da fronteira entre os dois países, onde começa o parque. Nao éramos os únicos que pretendiam subir o Lanín: um casal espanhol-irlandesa e dois ingleses nos acompanaharam até a sede do parque para o registro. Eles tinham todo o equipo obrigatório para chegar ao cume. Nós nao, e nem era nossa intençao. Acontece que havia nevado muito no vulcao, e o ascesso aos refúgios estava vetado a quem nao tivesse crampons, piolets, aquecedores e walkie-talkies. Fiquei bem frustrado e explodi de raiva, desejando que o vulcao entresse em erupçao ou qualquer outra estupidez parecida. A Lu me acalmou e nos contentamos em acampar na base do vulcao e fazer uma caminhada que acabou sendo tao espetacular quanto uma ascencao. Ela começou em nossa barraca, foi até o lindo lago Tromen e sua praia vulcânica, de onde tivemos uma visao panorâmica da regiao, atravessou uma campina cheia de araucárias e terminou na sede do parque, 4 horas depois. Minha raiva se voltou contra mim mesmo e paguei com um tombo estúpido numa raiz que me deixou a perna dolorida e roxa. Nossas passagens para Pucón no Chile eram para ali a dois dias, mas como nao subiríamos o vulcao nao havia muito mais o ue fazer por ali, por isso esperamos o mesmo ônibus na direcao contrária passar no final da tarde e trocamos as passagens para a manha seguinte. Em seguida, caminhamos até a linha de neve do vulcao, uma caminhada cansativa nos pedregulhos vulcânicos que a Lu detesta tanto (é realmente chato uma subida no meio do scrub, um passo à frente e duas escorregadelas para atrás). O panorama lá em cima valeu o sacrifício. Na volta, descobrimos que a campina bucólica onde tínhamos colocado nossa barraca havia se tornado em uma pequena cidade com a chegada de uma excursao de famílias com adolescentes, professores universitários, donas de casa e empresários de mar Del Plata que subiriam o vulcao no dia seguinte com guias de uma agência careira. Tomamos um vinho, fizemos um macarrao apetitoso em nosso super-potente fogareiro à benzina e depois trocamos impressoes com alguns dos excursionistas. Uma delas, com uns 45 anos, estava muito apreensiva e nervosa com a subida da manha seguinte. Nunca havia subido nem mesmo um morrinho de areia. Isso nos fez pensar sobre todo o comercialismo que vem tomando o montanhismo, às vezes com consequências dramáticas, como já relatado por caras como Krakauer e denunciado por Buhl, Herzog e outros. Nem imaginávamos que dali a alguns dias entraríamos numa excursao guiada para subir o Villarrica, graças a um lobby das agências de turismo chilenas que proibiu ascencoes independentes na maioria dos grandes vulcoes da regiao dos lagos do Chile.

Você pode assistir a um video de nossa subida ao Villarrica aqui:


Nenhum comentário: