2011/05/17

Andanças nos Andes 2011



Enquanto não recebo permissão para colocar aqui a entrevista bombástica com um dos ufólogos mais controversos da História, vou contar um pouco sobre a viagem que faço agora com meu amigo Marcelus Borges, também conhecido como Presidente. Depois de ganhar duas passagens para Lima, capital do Peru, em uma promoção relâmpago de uma companhia aérea envolvendo milhas e pura sorte, preparei meus pulmões & pés para os bons ares rarefeitos das montanhas andinas.

Uma grande surpresa nos aguardava no aeroporto de Guarulhos: uma velha amiga, Isa, com quem morei por alguns meses em Nova York, e também muito chegada ao Marcelus, estava no embarque com sua mãe. Isa, que mora na Bahia, e sua progenitora, que vive nos States, também estavam indo ao Peru, com Cuzco como objetivo final. Elas passariam alguns dias antes em Lima. Combinamos de nos encontrarmos na capital inca.

O voo desde Curitiba foi muito tranquilo, mas um pouco cansativo. Tive a chance de desenferrujar meu portunhol com a peruana sentada ao meu lado, que entre outras dicas, me fez anotar o nome do melhor chocolate de seu país, Sublime - ela disse que certamente nos daria energia durante as caminhadas por entre os picos nevados. Logo, as nuvens que cobriam todo o território brasileiro deram lugar a uma paisagem estupenda do altiplano boliviano, e o céu absurdamente azul nos permitiu ver os salares, parte do lago Titicaca, vulcões e La Paz. Sendo um geólogo renomado, o Presidente foi lendo os acidentes geográficos, atento às linhas que assinalavam as forças tectônicas que a moldaram, como linhas angulosas, canions abruptos e pendentes com verticalidades impressionantes que tiravam o fôlego do cara só de se imaginar as subindo.

Mas se para a maioria dos passageiros, isso assinalava o fim de uma viagem de 5 horas, para nosotros era o começo de um périplo. Do lado de fora do aeroporto, uma brisa fresca e salgada soprava do Pacífico. Como de costume em Lima por causa da umidade que vem do mar, o céu estava encoberto. Tomamos um táxi por 50 soles - cerca de 30 reais - até a estação rodoviária da empresa Cruz Del Sur, onde pouco depois embarcaríamos em um ônibus espaçoso e confortável em direção a Cuzco, numa viagem de 21 horas sem paradas. Partimos no fim do dia, e enquanto havia luz do sol, pude apreciar a paisagem desértica dos entornos da capital peruana.

No ônibus para Cuzco

Os costumeiros filmes sangrentos e comerciais de aventura foram exibidos nas telas do veículo, mas enquanto Marcelus preferiu dormir logo, eu li um pouco sobre nosso destino e os incas e ouvi no iPod o disco novo de Panda Bear, que é altamente recomendável para viagens. De vez em quando, olhava pelo vidro fumê da janela, e assim que a lua cheia apareceu, isso se tornou mais frequente. Assim que chegamos em Ica, pude ver as dunas que atraem sandboarders iluminadas pelo luar. Em seguida, o ônibus tomou a rota sudeste que começa a subir gradativamente os contrafortes dos Andes. Nas poucas vezes em que acordei, pude apreciar paisagens espetaculares e secas, cânions banhados pela luz lunar, vilarejos adormecidos no meio das montanhas.

Quando o sol nasceu, nos vimos ganhando altitude ao subir opor um grande vale cheio de montanhas muito verticais e cobertas de pedras soltas, morros de calcário com muitas grutas e cavernas. As poblaciones se revelaram em todo o camin ho e seus habitantes invariavelmente se vestiam com roupas tradicionais, especialmente as chollas com suas tranças, chapéus de abas curtas e crianças a tira-colo amarradas em panos ricamente ornados.

Atravessamos dois passos de grande altitude antes de chegar em Cuzco. |De um deles podia se ver entre as nuvens Abancay entre as nuvens lá embaixo, nós a 4 mil metros. No segundo passo, a 4250 metros, o Presidente disse que estava comerçando a sentir alguns efeitos em seu corpo, como uma dormência generalizada. Até chegar em Cuzco, tudo o que senti foi muita fome e um cansaço esperado depois de mais de 30 horas de viagem. então, logo a nossa frente, abre-se um vale abaixo todo coberto por construções marrons e de cor ocre, a primeira visão do umbigo do mundo, o centro da civilização Inca, um lugar com um passado glorioso.






2 comentários:

FÁBIO SÖLTER disse...

Massa ! Vou ficar de olho no blog ! Abraço aí pro Marelus ! Valeu Cassiano ! Grande abraço, boa viajem e até a próxima !

Cleverson de Oliveira disse...

Indio vëio Danado de Guerra!